terça-feira, 11 de agosto de 2009

Civilização grega

A civilização grega exerceu um papel predominante na antiguidade, Com seu politeísmo, tendo em Zeus, seu principal Deus, na filosofia, na história com Heródoto de Halicarnasso, considerado o Pai da História, na arquitetura, nas poesias, na ciência, nas artes, levou sua marca ao longo dos séculos, influenciando a parte ocidental da Terra.

A sua história é dividida em quatro períodos, vamos por parte para entender cada um deles. O primeiro é chamado de Tempos Homéricos (Séculos XII a.C – VIII a.C). É chamado assim porque, nesse momento ocorreram as invasões dos Dórios (povo guerreiro) e consequentemente a 1ª diáspora (dispersão) do povo daquela região e não se tem registros sobre essa época, exceto pelos poemas Ilíada e Odisséia, escrito por Homero. Daí, o nome. O momento anterior a esse é chamado de Tempos Pré Homéricos, aonde os povos indo europeus instalaram-se na região.

A sociedade grega foi formada através dos genos, que eram famílias coletivas comandadas por um pater (patriarca), tinham uma economia natural e coletivista, os meios de produção e os bens produzidos eram de todos e representavam a unidade econômica, social, política e religiosa da sociedade grega. Não existia propriedade privada.
A importância social do indivíduo era de acordo com seu grau de parentesco com o pater.

Com o aumento populacional dos diversos genos e consequentemente também o do consumo, inicia-se o processo de desintegração dessa estrutura. Com seu fim, surge a propriedade privada.

Ocorrem também, guerras entre os genos, fazendo com que alguns deles se juntassem para enfrentar um inimigo em comum, formando uma frátria. Dentro desse mesmo processo, várias frátrias unidas formavam uma tribo, que juntas, formavam uma demo (povo ou povoado).

Com o fim das propriedades coletivas e o consequente surgimento das propriedades privadas, obviamente as terras eram divididas entre os seus habitantes, porém desde já, ocorre um processo desigual de divisão de terras, e como sempre as melhores foram entregues a elite local, os eupátridas (bem nascido), o restante para os georgóis (em geral, agricultores), que eram parentes mais distantes do pater. Já os thetas eram marginalizados socialmente.

A combinação aumento demográfico + escassez de terras cultiváveis (pois as melhores estavam na mão de uma elite), transformou a Grécia num palco de inúmeros conflitos, o que ocasionou a diáspora (dispersão) dos povos daquela região.

É quando inicia-se o chamado Tempos Arcaicos (séculos VIII a.C – VI a.C). A economia doméstica passa a ser de mercado local e mais tarde destinada para o exterior. A aristocracia (eupátridas) enriquecem, pois possuem as melhores terras para o plantio. A riqueza passa a determina o lugar do indivíduo na sociedade e não mais a tradição.

Os tempos Clássicos (Séculos V a.C – IV a.C) marcam o apogeu da civilização grega. Apesar de se verem obrigados a conter o avanço do império persa sobre a Grécia, primeiro na figura de Dário I e depois de seu sucessor Xerxes, foi um momento período de expansão comercial e de aumento do poderio militar, principalmente de Atenas.

Em meio à guerra foi formada a confederação de Delos, onde cada cidade estado deveria contribuir com dinheiro e armamentos a serem depositados na ilha de Delos. Liderados por Atenas venceram, expulsando de vez o império persa da de seus territórios com a paz firmada em 449 a.C. Sem obstáculo para fazer o comércio pelos mares, Atenas expandiu consideravelmente seu poderio econômico e militar em relação aos seus vizinhos. Sua liderança logo se transformou em imperialismo, passando a cobrar tributos em troca de proteção e proibindo que outros membros da confederação a deixassem.

Para contrapor o imperialismo ateniense, outras cidades lideradas por Esparta formaram a liga do Peloponeso. Inicialmente existiam apenas ameaças de enfrentamento entre ambas as partes, mas no ano de 431 a.C as duas cidades entram em guerra. Vencida pelos Espartanos em 404 a.C.

Com a vitória Esparta assume a hegemonia na Grécia, mas perde seu posto rapidamente para Tebas (outra cidade grega). Essas lutas internas pela hegemonia local na verdade enfraqueceram as cidades da região. Paralelamente a esse processo de lutas internas, ao norte a Macedônia fortalecia-se e iniciava seu processo de expansão, subjugando territórios vizinhos em direção ao sul.

O domínio da Grécia feito pelos macedônios é inevitável, que curiosamente eram chamados pelos gregos de bárbaros. Felipe II foi o imperador que a dominou, mas foi seu filho Alexandre (O Grande) que expandiu seu território até o oriente.

Esse período da história grega é chamado de Período Helenístico (séculos III a.c – II a.c). Esse termo significa a fusão entre a cultura grega com a oriental. Pois, Alexandre tinha sido educado pelo grego Aristóteles, que com isso, assimilou a cultura grega, levando-a consigo nas viagens feitas no processo expansionista da Macedônia.

O helenismo trouxe grande impulso às ciências: na astronomia, com Ptolomeu, Arquimedes que descobriu princípios básicos da física, Eratóstenes, que calculou a circunferência da Terra, entre outros.

Esparta e Atenas

Para aprofundarmos os estudos sobre a civilização grega, focaremos nas duas principais cidades, que eram Esparta e Atenas.

Começaremos por Esparta, que foi formada através da junção de três tribos dos povos Dórios (que já se destacavam por ser um povo guerreiro). Sua sociedade era estamentada, ou seja, indivíduos de camadas mais baixas da sociedade espartana não ascendiam socialmente. Sua divisão social era a seguinte:

Espartanos ou Esparciatas – Descendentes dos Dórios eram os únicos detentores da cidadania, tinha o poder político, militar e religioso.

Periecos – Livres, dedicavam-se ao comércio e ao artesanato. Derivavam de povos dominados pelos Dórios, mas que aceitaram a dominação de forma pacífica.

Hiliotas - Servos pertencentes ao Estado e eram cedidos aos espartanos junto a terra. Derivavam de povos dominados pelos Dórios e que não aceitavam a dominação.

Pode-se perceber que em Esparta não havia escravidão, e sim, servidão. Porque o Hilota era preso à terra em que prestava o serviço. Por estarem em enorme maioria eram controlados pelos espartanos com extrema violência.

A cidade era controlada por uma oligarquia formada pela aristocracia local. Onde existia uma diarquia (2 reis) que tinha funções militares e religiosas. O Euforato que era formado por 5 membros eleitos anualmente, tinha a função executiva, onde cuidava da coisa pública e fiscalizavam a vida do cidadão. Abaixo, vinha a Gerúsia, que era formada por 28 membros aristocratas com mais de 60 anos, com funções legislativas, de corte suprema e controle das atividades dos diarcas. E na sua base estava a Àpela ou Assembléia popular, formada por todos os cidadãos com mais de 30 anos, que votavam leis e escolhiam os gerontes. Lembrando que cidadão em Esparta, eram apenas os espartanos.

A educação espartana era voltada para a obediência e aptidão física, inclusive as mulheres, que mesmo numa sociedade patriarcal detinham mais liberdade do que em outras cidades gregas. Pois precisavam suprir a ausência dos homens enquanto eles estavam nas guerras e deviam manter uma boa aptidão física para gerar filhos com ótima saúde e elas mesmo em alguns casos irem à guerra.

A preocupação com o físico era tão grande que os recém nascidos que apresentavam problemas eram jogados fora, literalmente. Já os meninos saudáveis, com 7 anos eram entregues aos cuidados do Estado, com 18 anos entravam para o exército, aos 30 anos tornavam-se cidadãos (podendo casar e ter participação na política, através da Àpela), somente aos 60 anos saiam do exército e podiam eleger-se a Gerúsia.

Foi uma sociedade voltada para a guerra, diferentemente de Atenas que teve um foco maior na comercialização de produtos.

A cidade estado de Atenas foi fundada pelos Jônios. Foi uma cidade que privilegiou o seu comércio, que na falta de terras agricultáveis e o aumento de sua população, foi obrigada a estabelecer colônias em vários pontos do Mediterrâneo, enriquecendo e expandindo a cultura grega para outros pontos.

Devido à presença marcante do comércio na vida ateniense, sua sociedade diferenciava-se da espartana. No topo da pirâmide social estavam os Eupátridas que procuravam manter seus privilégios e detinham as melhores propriedades, abaixo vinham os Georgóis e logo a seguir os Thetas.

Com a economia bastante dinâmica, as classes desprestigiadas pelo governo de Atenas exigiam reformas profundas na sociedade, a fim de melhorar suas condições. Os comerciantes do litoral (pirália), enriqueceram-se e buscaram participação política. Georgóis e Thetas que trabalhavam em geral com o comércio eram chamados de Demiurgos, esses também reivindicavam profundas mudanças.

Outras duas importantes classes encontradas em Atenas, mas que não tinham nenhum direito político, eram os escravos (prisioneiros de guerras e eram a base da produção agrária, podiam chegar a liberdade, mas nunca a cidadania) e os metecos (estrangeiros) que migravam para a cidade devido a força econômica ateniense.

As lutas de classe fizeram surgir as reformas. As classes ligadas ao comércio, ao mesmo tempo, que adquiriam maior poder econômico, procuravam ampliar seu domínio social e político, o que desencadeou vários confrontos e lutas que levaram a uma série de reformas.

O primeiro legislador a se destacar nas reformas foi Drácon, que em 621 a.c, registrou as leis que até então eram baseadas na tradição oral e eram conhecidas apenas pelos Eupátridas, porém não conseguiu diminuir as desigualdades sociais.

O segundo foi Sólon, que em 594 a.c, instituiu reformas mais ambiciosas, como a eliminação das hipotecas por dívidas, libertando os escravos feitos através delas, e principalmente dividiu a sociedade ateniense de forma censitária, ou seja, de acordo com o padrão de renda. Abrindo espaço para a ascensão social e política dos ricos demiurgos. O dinheiro agora valia mais que a tradição. Sólon, também tomou outras medidas no intuito de aumentar a participação na política.

Mas o que se viu foi um profundo descontentamento dos aristocratas que perderam seus privilégios e do povo que devido a sua baixa renda não foi muito beneficiado com as medidas. O que permitiu o surgimento dos tiranos, que governaram de 561 a.c até 510 a.c, quando uma revolução liderada por Clístenes, finalizou a ditadura e deu-se início o que ficou conhecido como democracia ateniense. Espalhando direitos políticos a todo o cidadão ateniense. Ou seja, homens filhos de pai e mãe ateniense, que consistiam em uma minoria, da qual estavam excluídos os metecos e os escravos (maioria da população). Nem mesmo as mulheres atenienses detinham o direito a participação política, pois possuíam papel secundário na sociedade.