terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Início da colonização no Brasil.

A chegada dos portugueses ao Brasil em 22 de abril de 1500 é apenas um evento dentro de um contexto mais amplo, que foi a expansão marítima portuguesa e européia dos séculos XV e XVI. Em Portugal, diante do seu pioneirismo marítimo, desejava encontrar uma nova rota comercial para fazer seu comércio com as índias. Ao expandir seu contato com o oceano Atlântico, acabou tomando posse de um território vastíssimo, que foi sua principal fonte de renda durante muitos anos, estamos falando do Brasil.

Nos primeiros anos, quase nada de interessante foi achado por aqui, como exceção, podemos destacar o Pau Brasil, madeira tintorial conhecida pelos europeus, que até então era importada do oriente. Sendo assim, as primeiras atividades econômicas concentraram-se na extração dessa madeira. O regime dessa atividade era o ESTANCO, ou seja, sob o regime de monopólio real (régio). Mas como de costume, logo comerciantes privados arremataram o direito de exploração.

Logo foram estabelecidas feitorias, que serviam de fortificações e de depósito de madeiras. O ESCAMBO era a forma de exploração do Pau Brasil, o indígena fornecia a madeira, em troca de produtos de baixo valor para os portugueses.

Ao saberem da existência de Pau Brasil nas “novas terras”, os franceses passaram a freqüentar o litoral brasileiro com assiduidade, pois dependiam das importações dessa madeira realizadas no oriente. Os franceses realmente decidiram ficar, a fim de explorar a região. O que obrigou a coroa portuguesa a enviar para sua colônia na América, expedições guarda costas e depois expedições colonizadoras, no intuito de manter o controle sobre o território. Várias batalhas foram travadas e os portugueses conseguem manter a posse da região. Consolidando o processo colonizador do Brasil.

Para tal, a coroa portuguesa seguiu uma lógica já conhecida por eles, que consistia em dividir as terras em enormes lotes e ceder a particulares o direito de povoá-las e desenvolvê-las. São as capitanias hereditárias. Destinando a colonização a iniciativa privada, o rei praticamente abre mão de sua soberania sobre as terras brasileiras, pois dava aos donatários poderes amplíssimos.


A nova colônia portuguesa foi então, dividida em gigantescos lotes de terra. Cada uma tinha seu administrador, mas curiosamente, nenhum deles eram da alta nobreza, o que demonstra que o empreendimento tinha pouca atratividade. Por uma combinação de fatores, como a necessidade de alto investimento financeiro e as incertezas e os riscos da empresa colonial, como a distância da metrópole, o isolamento das demais capitanias e os ataques dos índios. Esses são os fatores que levaram ao fracasso o sistema de capitanias hereditárias no Brasil.

Como a coroa mantinha suas pretensões de povoar o Brasil, foi mudada a estratégia, surgindo assim, o GOVERNO GERAL em 1548. No ano seguinte, em 1549, desembarca na colônia o primeiro governador geral, Tomé de Sousa.

As capitanias hereditárias não foram extintas, mas em tese, perderam sua plena autonomia, passando a responder e ficar subordinados a um governo central, que respondiam em nome da coroa.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Merovíngios e Carolíngios

A penetração bárbara no império romano iniciou ainda na fase áurea de Roma, quando o então imperador Otávio Augusto recrutou germânicos para integrar as legiões do exército romano. No período decadente do império, mais precisamente nos séculos IV e V e ao longo dos séculos posteriores a região foi sucessivamente invadida por tribos germânicas, as quais originaram diversos reinos romanos / germânicos.

Entre todos esses reinos apenas os FRANCOS foram duradouros, caracterizando-se por ser a última “resistência” ao processo de feudalização na Europa. Sua primeira dinastia foi a MEROVÍNGIA (nome derivado do herói franco Meroveu). Seu neto, Clóvis, anexou vários territórios em batalhas. Em 496, deu um passo importante para fortalecer seu poder real, converteu-se ao cristianismo, ganhando o apoio da Igreja e da maior parte da população da Gália, constituída por cristãos. Fato que também contribuiu para aumentar a integração entre conquistadores e conquistados.

Porém, um processo muito comum durante a idade média, enfraqueceu o poder da dinastia. Por serviços prestados ao rei, como recompensa, as terras do reino eram distribuídas para o clero e a nobreza. O que aos poucos acarretou numa perda de poder real nessas terras, que se submeteram aos senhores feudais.

O poder transferiu-se para os prefeitos (mordomos) do palácio, verdadeiros primeiros ministros. Destacando-se no cargo, Carlos Martel, barrando a expansão árabe em 732. Seu filho Pepino, o Breve, com o apoio papal depôs o último soberano merovíngio, iniciando a dinastia Carolíngia. Em retribuição ao apoio, cedeu território a igreja, que deram origem aos Estados Pontifícios (na Itália).

Em 768, Carlos Magno, filho de Pepino e o mais famoso e importante dos reis francos, assumiu o trono e expandiu suas fronteiras, aumentando seu poder sobre o reino. Pois, ao contrário dos merovíngios, ao conquistar novas terras e distribuí-las aos aristocratas, exigia que um compromisso lealdade com o rei suserano.



Carlos Magno também contou com o apoio da Igreja, que assim, propagava o cristianismo aos povos conquistados. Sendo inclusive coroado como imperador do novo Império Romano do Ocidente.

A organização de seu império foi feita em unidades político administrativo, chamadas:

Condados→ Onde os condes administravam e eram nomeados diretamente pelo imperador e a ele ligado pelo juramento de fidelidade.

Marcas→ Eram unidades de fronteiras, onde os marqueses administravam. Tinham grande poder militar.

* Ainda tinham os barões, que de seus fortes, auxiliavam na defesa das fronteiras.

Todos eles estavam sujeitos às fiscalizações dos missi dominici, que eram funcionários do imperador, encarregados de conter os abusos dos condes e marqueses, além de zelar pela aplicação das leis imperiais (capitulares).
Com a morte de Carlos Magno, Luis o Piedoso, governou o império até o ano de 841. Mas quando morreu a questão sucessória enfraqueceu o poder real. Devido a várias disputas sobre a legalidade do novo monarca. O que vai levar a um acordo, o Tratado de Verdun em 843, que previa a divisão do império em três partes, cada filho ficou com uma. Duques, marqueses e condes passaram a ter maior autonomia, somado a novas invasões bárbaras no século IX, consolidando-se assim, o feudalismo europeu.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Feudalismo

O feudalismo foi a estrutura econômica, social, política e cultural da idade média. Mas para começar esse texto é preciso entender o que foi essa Era histórica, que passou a ser chamada de média, já no renascimento. Demonstrando repúdio os renascentistas rapidamente induziram tendenciosamente a concepção de que a Idade Média foi a “Idade das Trevas”, “a noite de mil anos”, em que mergulhara a idade clássica com a queda de Roma no ano de 476 e que historiograficamente a idade média termina em 1453, com a queda de Constantinopla.

Os principais escritores sobre o assunto dividem-na em ALTA IDADE MÉDIA (século V ao século X), que marca a formação e consolidação do feudalismo e BAIXA IDADE MÉDIA (século X ao século XV) que marca o período de declínio desse sistema.

Como a Europa se feudalizou depois de ter conhecido o esplendor comercial com o império romano? Bem, com as crises internas de Roma, seu poderio militar enfraqueceu-se, com isso possibilitou que vários povos bárbaros começassem a invadir seu território, situação que durou até a sua derrocada total.

Os moradores das cidades em péssimas condições de sobrevivência iniciaram um êxodo em direção ao campo, buscando melhores condições de vida e proteção. Quando chegam encontram grandes propriedades rurais na mão de alguns senhores nobres. Como não tinham posses, recebem frações de terras desses nobres para trabalharem na agricultura. Passando a condição de servo, que diferentemente do escravo, estava atrelado à terra. Mas em troca prestava várias obrigações aos seus senhores. Além de pagarem várias taxas e tributos, os servos deveriam trabalhar gratuitamente alguns dias na semana no manso senhorial (pedaço de terra pertencente ao senhor feudal) e entregar a maior parte de sua colheita para o seu senhor.


Mas existia também um outro grupo de camponeses que eram os vilões. Antigos proprietários livres que entregavam sua propriedade a um senhor feudal, em troca de proteção, mas tinham obrigações quase sempre definidas, não podendo ser modificadas segundo a vontade do seu senhor.

Essa relação social de dependência social entre nobres e camponeses é de origem romana. Antes mesmo de seu fim, o governo romano estipulou o Colonato, pois, como Roma passava por uma grave e irreversível crise no seu sistema escravista, devido ao alto preço do cativo, levando a sua escassez no mercado, o camponês foi fixado à terra, substituindo o escravo, a clientela romana que estabelecia laços de dependência social entre indivíduos (senhor / servo) também foi fundamental nesse processo, e por fim, ainda durante a existência de Roma ocorria o Precarium, que consistia na entrega de terras feitas por pequenos e médios camponeses impossibilitados de mantê-las, à um grande senhor aristocrata, em troca de proteção.

Como a sociedade medieval foi uma mistura da sociedade romana com a bárbara, principalmente dos povos invasores provenientes do norte europeu (bárbaros germânicos), o feudalismo também sofreu influência de instituições germânicas, como o Comitatus, que estabelecia relação entre os guerreiros e seus chefes tribais. Servindo de alicerce para a relação feudal entre os SUSERANOS E VASSALOS.

Devido a extrema escassez de moeda circulante, a terra era a principal forma de riqueza. Com isso, estimulou-se a prática de retribuir com terras os serviços prestados pelos nobres, aos nobres. Os que cediam as terras eram os suseranos e os que recebiam tornavam-se seus os vassalos. Uma HOMENAGEM (cerimonial) acompanhava a doação do feudo (BENEFICIUM), ocasião em que o vassalo jurava fidelidade ao suserano, comprometendo-se em acompanhá-los nas guerras, entre outras obrigações, ao mesmo tempo em que o suserano, reciprocamente jurava-lhe proteção. Nesse caso era uma relação horizontal, e não vertical como era no caso da relação senhor/camponês.

Como as terras eram divididas em feudos, e sendo eles auto suficientes, praticando uma economia de subsistência, o senhor de um feudo era a principal figura dentro de suas possessões. A figura do rei era praticamente figurativa, houve uma descentralização política e administrativa. Cada feudo era autônomo.

Como podemos ver a sociedade feudal era ESTAMENTADA, ou seja, dividida em estamentos, ordens, estados, classes, no topo de sua pirâmide social vinha o CLERO, abaixo vinham os nobres, suseranos e vassalos e por último os vilões e camponeses.

Apenas com o ressurgimento do comércio na chamada baixa idade média, com o advento das cruzadas é que essa sociedade inicia um lento e longo processo de reabertura comercial e cultural para o restante do mundo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Antecedentes da crise republicana romana.

Na Roma dos últimos séculos antes do nascimento de Cristo, foi a república que dominou o cenário político. Substituindo a monarquia no ano de 509 a.C, quando uma conjuração patrícia (aristocrática) a derruba e sobrepõe o senado às outras instituições, transformando-o em órgão máximo. Apenas os patrícios poderiam fazer parte do senado, embora a grande maioria da população fosse de plebeus.
A plebe era tão inferior socialmente aos aristocratas, que em caso de não pagamento de dívidas, o devedor era submetido ao NEXUM, instituição que colocava o endividado subordinado ao credor até que o débito fosse sanado.
Essa marginalização da plebe conduziu Roma à uma série de lutas de classe, tornando o quadro insustentável até o ano de 494 a.C, quando os plebeus protestaram a fim de conseguir mais participação política. Como sua participação no exército e na economia era de extrema importância, os patrícios atenderam suas reivindicações. Cedendo-lhes do dois tribunos da plebe, órgão que a partir de 471 a.C passou também a ter o direito a veto sobre as decisões do senado além de conseguirem imunidades.
A partir deste período estudado foram aprovadas várias medidas que favoreceram aos plebeus, como: Participação dos plebeus sobre as terras conquistadas, um dos cônsules deveria ser plebeu (eram dois que presidiam o senado e as assembléias), permissão para o casamento entre plebeus e patrícios, fim das distinções sociais, restando as distinções econômicas e militares.
Os ânimos por um período se acalmaram, porém, um outro fator desencadeará um novo processo de insatisfação das camadas mais pobres em Roma: o escravismo. Com a expansão romana a escravidão passa a ser cada vez mais, indispensável a estrutura socioeconômica de Roma. O que provocou a ruína do pequeno lavrador, impossibilitando de competir com os latifundiários escravistas. Causando em primeiro impacto um êxodo rural e o consequente empobrecimento da plebe.

Diante desse quadro, destacaram-se dois tribunos da plebe, os irmãos Tibério e Caio Graco. O primeiro, quando eleito, em 133 a.C (período que Roma já dominava toda a península itálica), propôs uma reforma agrária que foi rejeitada pelo senado e numa tumultuada sessão, ele e mais centenas de seus seguidores foram assassinados. Já o segundo, eleito dez anos após a morte de seu irmão, conseguiu um pouco mais de abertura política, elaborando leis que visavam melhorar a vida da plebe, como a LEI FRUMENTÁRIA, que determinava a distribuição de trigo a baixo preço, além de ter insistido na questão da reforma agrária, o que gerou um grave e decisivo conflito entre as partes envolvidas nas reformas, o que ocasionou a morte de Caio.


Após esse período, houve uma polarização política seguida de uma radicalização, o que levou a república romana a uma grave crise. De um lado os aristocratas, defensores da ordem vigente, que em sua defesa destacou-se o general Silas, do outro, a plebe ansiosa por reformas, destacando por esse lado o general Mário. Essas lutas seguiram por vários anos e será tema de futuros textos em nosso blog.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

DEMOCRACIA ATENIENSE

Pesquisando em um dicionário achei as seguintes explicações para o termo democracia: 1- “Governo onde o povo exerce soberania”; 2- “O povo em oposição à aristocracia”. Em outro dicionário achei outras explicações bastante interessantes, são elas: 1- “Forma de governo em que o poder surge do povo e em nome dele é constituído”; 2- “soberania popular”; 3- “igualdade”. Já que sabemos o que significa, vamos analisar o contexto do surgimento da democracia na Grécia antiga.
Como em nossos estudos sobre a Grécia, vamos nos prender as duas principais cidades, que eram Atenas e Esparta. A primeira se desenvolveu a ponto de chegar à democracia, enquanto a segunda nunca deixou de ser governada por uma aristocracia. Uma era o reverso político da outra, onde as demais cidades ficaram agrupadas em torno de uma das duas, acirrando as suas oposições, o que foi marcante na história grega. Como foi Atenas que chegou a uma democracia, nos prenderemos a ela.
Atenas foi governada por uma monarquia durante longos anos, até que os aristocratas tomassem o poder, substituindo o poder monárquico pelo ARCONTADO, formado por nove (9) ARCONTES e também um conselho criado pelos EUPÁTRIDAS (bem nascidos) que regulava a ação dos arcontes, chamado de AERÓPAGO, estabelecendo assim, o pleno domínio oligárquico (governo de poucos).


Diferentemente de Esparta, em Atenas o comércio desenvolveu-se de forma a induzir os comerciantes a estabelecerem colônias comerciais e de povoamento em alguns pontos do Mediterrâneo. Tais comerciantes (DEMIURGOS) enriqueceram, ganharam poder econômico, sobrepondo o valor da riqueza ao valor da tradição (valorizados pelos eupátridas).

Ao adquirirem poder econômico, os comerciantes desejavam também obter poder político, porém, os eupátridas desejavam manter seus privilégios. Soma-se a isso os GEORGOIS E THETAS, também desejavam reformas sociais, a fim de melhorar suas próprias condições, pois estavam endividados e muitos se submetiam às ordens do eupátridas, que eram os seus credores. Veja o esquema abaixo:

EUPÁTRIDAS→ Oligárquicos→ Detentores do poder político e desejavam manutenção dos seus privilégios.

DEMIURGOS→ Comerciantes→ Detentores de riqueza e desejavam obter poderes políticos.

GEROGOIS E THETAS→ Endividados→ Desejavam reformas sociais amplas.

Diante desse quadro sociais, ocorreram diversas mudanças na condução política de Atenas. Surgiram alguns legisladores, como:

DRÁCON → 621 a.C→ Popularizou o código de leis que era apenas conhecido pelos eupátridas, mas manteve os privilégios sociais e políticos já existentes.

SÓLON→ 594 a.C→ Reformas mais aprofundadas→ Eliminou a hipoteca por dívidas, libertou os escravos feitos por ela (beneficiando georgóis e thetas) → Dividiu a sociedade censitariamente, onde o padrão de riqueza passou a determinar privilégios (beneficiando ricos demiurgos, que obtiveram ascensão política) → Reorganizou a política, criou a BULÉ (conselho dos quatrocentos), onde participavam elementos das quatro 4 tribos em que dividia-se a região; Criou a assembléia popular que aprovava as medidas da Bulé, chamada de ECLÉSIA; Além do tribunal de justiça aberto a todos os cidadãos HELIEU.

Por não agradar os aristocratas que perderam poder com as reformas e o povo que esperavam reformas ainda mais profundas, Sólon é derrubado e surgem os TIRANOS, que em menos de cinqüenta (50) anos também perdem o poder, justamente por não conseguirem apaziguar os ânimos da efervescente sociedade grega. Até que em 510 a.C, uma revolta liderada por CLÍSTENES inaugura a chamada democracia ateniense. Principais medidas:

→ Redivisão de Atenas em dez (10) tribos e não mais em quatro (4) → Eliminando a influência dos eupátridas;
→ A Bulé passou a contar com quinhentos (500) membro e não mais quatrocentos (400), cinqüenta (50) por tribo, os quais revezavam-se no poder;
→ A Eclésia teve seu poder aumentado → Contando com seis mil (6000) cidadãos pertencentes a todas as classes → Fiscalizando a atuação das demais instituições → Votava o ostracismo, que era o exílio por um período de dez (10) anos a quem coloca-se em risco a democracia ateniense.

O povo com essas reformas realmente participa dos rumos políticos de Atenas, porém, é de extrema importância que todos saibam, somente quem participava desse processo eram os cidadãos atenienses, adultos, filho de pai e mãe atenienses. Excluindo os estrangeiros (metecos), os escravos e as mulheres. Esses três últimos constituíam a maioria da população em Atenas.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Escravidão Grega

Certo dia, resolvendo uma questão de um concurso para professor de história, reparei que a banca generalizou quando usou o termo “escravidão na Grécia”. É possível falar de forma homogênea de qualquer relação de trabalho de uma determinada região, onde existiam várias cidades autônomas economicamente e politicamente? Minha opinião é não.
Vamos nos prender as duas principais Cidades Estadas gregas, Atenas e Esparta. Se apenas usarmos o exemplo dessas duas, e ignorarmos as dezenas de outras cidades existentes naquela região, veremos que já essas relações já seriam diferentes, impossibilitando o uso de qualquer termo genérico.
Esparta por exemplo, sua estrutura social era formada por espartanos, que eram os únicos detentores da cidadania. Os periecos, que habitavam os arredores da cidade e eram livres, dedicados ao comércio e ao artesanato, que eram atividades desprezadas pelos espartanos. E por último os hilotas, que eram servos pertencentes ao Estado, presos a terra, permaneciam juntos a esses locais. Ou seja, existia escravidão em Esparta ou era servidão? Bem, eles Cultivavam a terra do proprietário espartano com suas ferramentas e pagavam uma renda anual fixa in natura: trigo, vinho, queijo, azeite. Como essa renda constituía cerca de metade do rendimento do solo, o resto era suficiente apenas para sustentar algumas famílias hilotas. Por isso, é possível afirmar que eles eram mais próximos do modelo de servos do que de escravos.
Já em Atenas, podemos dizer que existiam escravos. Eram prisioneiros de guerra, vindos de muitas regiões do mundo bárbaro e grego, além de também serem feitos escravos através de dívidas. Não constituía uma categoria social, e sim, eram considerados como um bem móvel. Logo se transformaram na base da produção agrária, além de também terem atuado em outros ofícios.
De uma forma mais geral é possível perceber um certo padrão na escravidão da antiguidade, que inclusive era o modelo utilizado pelos atenienses. Mas é de fundamental importância que seja mostrado que havia outras formas de trabalho compulsório na antiguidade clássica, como no caso de Esparta.

Bibliografia:
Vicentino, Cláudio. História Geral. São Paulo: Scipione, 1997.
Florenzano, Maria Beatriz B. O mundo Antigo: economia e sociedade. São Paulo, Brasiliense, 1982.
Maestri, Mario José Filho. O Escravismo Antigo. São Paulo, UNICAMP, 1986.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Civilização grega

A civilização grega exerceu um papel predominante na antiguidade, Com seu politeísmo, tendo em Zeus, seu principal Deus, na filosofia, na história com Heródoto de Halicarnasso, considerado o Pai da História, na arquitetura, nas poesias, na ciência, nas artes, levou sua marca ao longo dos séculos, influenciando a parte ocidental da Terra.

A sua história é dividida em quatro períodos, vamos por parte para entender cada um deles. O primeiro é chamado de Tempos Homéricos (Séculos XII a.C – VIII a.C). É chamado assim porque, nesse momento ocorreram as invasões dos Dórios (povo guerreiro) e consequentemente a 1ª diáspora (dispersão) do povo daquela região e não se tem registros sobre essa época, exceto pelos poemas Ilíada e Odisséia, escrito por Homero. Daí, o nome. O momento anterior a esse é chamado de Tempos Pré Homéricos, aonde os povos indo europeus instalaram-se na região.

A sociedade grega foi formada através dos genos, que eram famílias coletivas comandadas por um pater (patriarca), tinham uma economia natural e coletivista, os meios de produção e os bens produzidos eram de todos e representavam a unidade econômica, social, política e religiosa da sociedade grega. Não existia propriedade privada.
A importância social do indivíduo era de acordo com seu grau de parentesco com o pater.

Com o aumento populacional dos diversos genos e consequentemente também o do consumo, inicia-se o processo de desintegração dessa estrutura. Com seu fim, surge a propriedade privada.

Ocorrem também, guerras entre os genos, fazendo com que alguns deles se juntassem para enfrentar um inimigo em comum, formando uma frátria. Dentro desse mesmo processo, várias frátrias unidas formavam uma tribo, que juntas, formavam uma demo (povo ou povoado).

Com o fim das propriedades coletivas e o consequente surgimento das propriedades privadas, obviamente as terras eram divididas entre os seus habitantes, porém desde já, ocorre um processo desigual de divisão de terras, e como sempre as melhores foram entregues a elite local, os eupátridas (bem nascido), o restante para os georgóis (em geral, agricultores), que eram parentes mais distantes do pater. Já os thetas eram marginalizados socialmente.

A combinação aumento demográfico + escassez de terras cultiváveis (pois as melhores estavam na mão de uma elite), transformou a Grécia num palco de inúmeros conflitos, o que ocasionou a diáspora (dispersão) dos povos daquela região.

É quando inicia-se o chamado Tempos Arcaicos (séculos VIII a.C – VI a.C). A economia doméstica passa a ser de mercado local e mais tarde destinada para o exterior. A aristocracia (eupátridas) enriquecem, pois possuem as melhores terras para o plantio. A riqueza passa a determina o lugar do indivíduo na sociedade e não mais a tradição.

Os tempos Clássicos (Séculos V a.C – IV a.C) marcam o apogeu da civilização grega. Apesar de se verem obrigados a conter o avanço do império persa sobre a Grécia, primeiro na figura de Dário I e depois de seu sucessor Xerxes, foi um momento período de expansão comercial e de aumento do poderio militar, principalmente de Atenas.

Em meio à guerra foi formada a confederação de Delos, onde cada cidade estado deveria contribuir com dinheiro e armamentos a serem depositados na ilha de Delos. Liderados por Atenas venceram, expulsando de vez o império persa da de seus territórios com a paz firmada em 449 a.C. Sem obstáculo para fazer o comércio pelos mares, Atenas expandiu consideravelmente seu poderio econômico e militar em relação aos seus vizinhos. Sua liderança logo se transformou em imperialismo, passando a cobrar tributos em troca de proteção e proibindo que outros membros da confederação a deixassem.

Para contrapor o imperialismo ateniense, outras cidades lideradas por Esparta formaram a liga do Peloponeso. Inicialmente existiam apenas ameaças de enfrentamento entre ambas as partes, mas no ano de 431 a.C as duas cidades entram em guerra. Vencida pelos Espartanos em 404 a.C.

Com a vitória Esparta assume a hegemonia na Grécia, mas perde seu posto rapidamente para Tebas (outra cidade grega). Essas lutas internas pela hegemonia local na verdade enfraqueceram as cidades da região. Paralelamente a esse processo de lutas internas, ao norte a Macedônia fortalecia-se e iniciava seu processo de expansão, subjugando territórios vizinhos em direção ao sul.

O domínio da Grécia feito pelos macedônios é inevitável, que curiosamente eram chamados pelos gregos de bárbaros. Felipe II foi o imperador que a dominou, mas foi seu filho Alexandre (O Grande) que expandiu seu território até o oriente.

Esse período da história grega é chamado de Período Helenístico (séculos III a.c – II a.c). Esse termo significa a fusão entre a cultura grega com a oriental. Pois, Alexandre tinha sido educado pelo grego Aristóteles, que com isso, assimilou a cultura grega, levando-a consigo nas viagens feitas no processo expansionista da Macedônia.

O helenismo trouxe grande impulso às ciências: na astronomia, com Ptolomeu, Arquimedes que descobriu princípios básicos da física, Eratóstenes, que calculou a circunferência da Terra, entre outros.

Esparta e Atenas

Para aprofundarmos os estudos sobre a civilização grega, focaremos nas duas principais cidades, que eram Esparta e Atenas.

Começaremos por Esparta, que foi formada através da junção de três tribos dos povos Dórios (que já se destacavam por ser um povo guerreiro). Sua sociedade era estamentada, ou seja, indivíduos de camadas mais baixas da sociedade espartana não ascendiam socialmente. Sua divisão social era a seguinte:

Espartanos ou Esparciatas – Descendentes dos Dórios eram os únicos detentores da cidadania, tinha o poder político, militar e religioso.

Periecos – Livres, dedicavam-se ao comércio e ao artesanato. Derivavam de povos dominados pelos Dórios, mas que aceitaram a dominação de forma pacífica.

Hiliotas - Servos pertencentes ao Estado e eram cedidos aos espartanos junto a terra. Derivavam de povos dominados pelos Dórios e que não aceitavam a dominação.

Pode-se perceber que em Esparta não havia escravidão, e sim, servidão. Porque o Hilota era preso à terra em que prestava o serviço. Por estarem em enorme maioria eram controlados pelos espartanos com extrema violência.

A cidade era controlada por uma oligarquia formada pela aristocracia local. Onde existia uma diarquia (2 reis) que tinha funções militares e religiosas. O Euforato que era formado por 5 membros eleitos anualmente, tinha a função executiva, onde cuidava da coisa pública e fiscalizavam a vida do cidadão. Abaixo, vinha a Gerúsia, que era formada por 28 membros aristocratas com mais de 60 anos, com funções legislativas, de corte suprema e controle das atividades dos diarcas. E na sua base estava a Àpela ou Assembléia popular, formada por todos os cidadãos com mais de 30 anos, que votavam leis e escolhiam os gerontes. Lembrando que cidadão em Esparta, eram apenas os espartanos.

A educação espartana era voltada para a obediência e aptidão física, inclusive as mulheres, que mesmo numa sociedade patriarcal detinham mais liberdade do que em outras cidades gregas. Pois precisavam suprir a ausência dos homens enquanto eles estavam nas guerras e deviam manter uma boa aptidão física para gerar filhos com ótima saúde e elas mesmo em alguns casos irem à guerra.

A preocupação com o físico era tão grande que os recém nascidos que apresentavam problemas eram jogados fora, literalmente. Já os meninos saudáveis, com 7 anos eram entregues aos cuidados do Estado, com 18 anos entravam para o exército, aos 30 anos tornavam-se cidadãos (podendo casar e ter participação na política, através da Àpela), somente aos 60 anos saiam do exército e podiam eleger-se a Gerúsia.

Foi uma sociedade voltada para a guerra, diferentemente de Atenas que teve um foco maior na comercialização de produtos.

A cidade estado de Atenas foi fundada pelos Jônios. Foi uma cidade que privilegiou o seu comércio, que na falta de terras agricultáveis e o aumento de sua população, foi obrigada a estabelecer colônias em vários pontos do Mediterrâneo, enriquecendo e expandindo a cultura grega para outros pontos.

Devido à presença marcante do comércio na vida ateniense, sua sociedade diferenciava-se da espartana. No topo da pirâmide social estavam os Eupátridas que procuravam manter seus privilégios e detinham as melhores propriedades, abaixo vinham os Georgóis e logo a seguir os Thetas.

Com a economia bastante dinâmica, as classes desprestigiadas pelo governo de Atenas exigiam reformas profundas na sociedade, a fim de melhorar suas condições. Os comerciantes do litoral (pirália), enriqueceram-se e buscaram participação política. Georgóis e Thetas que trabalhavam em geral com o comércio eram chamados de Demiurgos, esses também reivindicavam profundas mudanças.

Outras duas importantes classes encontradas em Atenas, mas que não tinham nenhum direito político, eram os escravos (prisioneiros de guerras e eram a base da produção agrária, podiam chegar a liberdade, mas nunca a cidadania) e os metecos (estrangeiros) que migravam para a cidade devido a força econômica ateniense.

As lutas de classe fizeram surgir as reformas. As classes ligadas ao comércio, ao mesmo tempo, que adquiriam maior poder econômico, procuravam ampliar seu domínio social e político, o que desencadeou vários confrontos e lutas que levaram a uma série de reformas.

O primeiro legislador a se destacar nas reformas foi Drácon, que em 621 a.c, registrou as leis que até então eram baseadas na tradição oral e eram conhecidas apenas pelos Eupátridas, porém não conseguiu diminuir as desigualdades sociais.

O segundo foi Sólon, que em 594 a.c, instituiu reformas mais ambiciosas, como a eliminação das hipotecas por dívidas, libertando os escravos feitos através delas, e principalmente dividiu a sociedade ateniense de forma censitária, ou seja, de acordo com o padrão de renda. Abrindo espaço para a ascensão social e política dos ricos demiurgos. O dinheiro agora valia mais que a tradição. Sólon, também tomou outras medidas no intuito de aumentar a participação na política.

Mas o que se viu foi um profundo descontentamento dos aristocratas que perderam seus privilégios e do povo que devido a sua baixa renda não foi muito beneficiado com as medidas. O que permitiu o surgimento dos tiranos, que governaram de 561 a.c até 510 a.c, quando uma revolução liderada por Clístenes, finalizou a ditadura e deu-se início o que ficou conhecido como democracia ateniense. Espalhando direitos políticos a todo o cidadão ateniense. Ou seja, homens filhos de pai e mãe ateniense, que consistiam em uma minoria, da qual estavam excluídos os metecos e os escravos (maioria da população). Nem mesmo as mulheres atenienses detinham o direito a participação política, pois possuíam papel secundário na sociedade.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

A Revolução Francesa

A monarquia absolutista que dominava a França pré revolucionária apresentava graves problemas para conduzir o país no último quarto do século XVIII, pois demonstrava ter graves problemas financeiros, que por sua vez, foram profundamente agravados pela ajuda francesa à guerra de independência norte americana, travada contra os rivais ingleses. Além disso, o quadro era de desordem administrativa e os gastos monumentais para manter a luxuosa corte de Versalhes, levavam as finanças francesas cada vez mais rumo a bancarrota. Como as finanças do rei confundiam-se com a do Estado, sua figura era vista como o grande responsável pela crise financeira, incluindo também sua esposa, a rainha Maria Antonieta. Para tentar minimizar essas dificuldades o governo impunha tributos, além de medidas fiscais e comerciais que prejudicavam os negócios capitalistas. Para piorar ainda mais a situação, a França assinou um tratado comercial com os ingleses que permitia que o vinho francês entrasse na Inglaterra com tarifas alfandegárias mais baixas e em contra partida fazia o mesmo com os produtos manufaturados ingleses que entrassem na França, afetando profundamente a indústria manufatureira francesa, ativando os ânimos dos burgueses.

A burguesia que ascendia economicamente neste período esbarrava nas normas impostas pelo Estado absoluto. Com isso, era inevitável para o crescimento burguês a eliminação da política mercantil. Soma-se a isso o fato que a burguesia era marginalizada socialmente, devido à organização da sociedade francesa, que era dividida em:

Primeiro Estado: Clero (Alto Clero – Elementos vindos de família de nobres e Baixo Clero – Elementos vindos de famílias pobres).

Segundo Estado: Nobreza (Nobreza de Sangue - Pessoas de origem nobre feudal, aristocrática, palaciana, cortesã e provincial) e (Nobreza de Toga – Pessoas que obtiveram o título através de compra ou mérito).

Terceiro Estado: O Povo. Constituía-se em todos que não pertenciam nem ao Primeiro e nem ao Segundo Estado. Representava a maioria esmagadora da população francesa. Entre eles estavam os burgueses, camponeses, artesãos e muitos outros.

Os Estados Gerais
Na medida em que a nobreza recusou-se a abrir mão de seus privilégios para tentar solucionar a crise financeira, o rei Luís XVI viu-se forçado a convocar a Assembléia dos Estados Gerais, que reuniria os representantes da Nobreza, do Clero e do Povo. As manobras políticas da realeza tinham por objetivo fazer aprovar nova legislação, que preservaria os privilégios do 1° e 2° estados e ao mesmo tempo sobrecarregariam o 3° estado.
A votação das propostas estabelecidas nessas reuniões era feita com cada Estado tendo direito a um voto, ou seja, como o interesse da nobreza e do clero era os mesmo, eles se juntariam e venceriam as demandas populares por 2 votos a 1. A nobreza confiava no controle do parlamento, mas não contou com o potencial revolucionário do Terceiro Estado que por sua vez exigiam um maior número de deputados, que fosse compatível com sua representação populacional e que o voto fosse individual. Diante dos antagonismos entre as classes dominantes e o povo, Luis XVI tentou dissolver os Estados Gerais. Os representantes do 3° Estado se auto proclamaram em Assembléia Nacional Constituinte, exigindo que a França fosse regida por uma constituição e que o rei a respeitasse.

ASSEMBLEIA NACIONAL (1789 – 1792)
Luis XVI tentou resistir e a as propostas de pegar em armas ganhava força. Criou-se então a Guarda Nacional, uma milícia burguesa, para resistir ao rei e liderando a população civil que com armas na mão foram às ruas e invadiram prédios públicos em busca de armas para se proteger invadindo então a Bastilha em busca de pólvora para as armas conseguidas durante essas invasões. Porém mais que um prédio público a Bastilha representava o poder repressor da realeza, pois lá, eram presos os inimigos da política real francesa. No campo, onde os privilégios da aristocracia eram mais gritantes, os camponeses invadiram propriedades dos nobres, saqueando, queimando e matando muitos nobres, num período que ficou conhecido como Grande Medo.
Nessa fase da revolução destacou-se a atuação burguesa nas cidades e dos camponeses no interior. Foi aprovada a abolição dos direitos feudais, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaboração da Constituição Civil do Clero, onde foi determinado o confisco dos bens da Igreja, os padres passaram a subordinar-se ao Estado.

Em 1791 a Assembléia proclamou a primeira constituição da França, estabelecendo a monarquia constitucional, composta por três poderes: Executivo (rei), Legislativo (deputados eleitos por voto censitário) e o judiciário.

Notem que sem o povo não teria ocorrido as transformações derivadas da revolução, a burguesia liderou os acontecimentos e com isso, tornou-se a principal beneficiária, transformando a França num Estado burguês. Abandonando o povo quando limitou pelo critério de renda mínima a participação popular ao voto. Separava-se de forma irreversível, a burguesia e o povo.

Porém a própria burguesia não era uma classe homogênea, havia dentro da Assembléia Nacional uma disputa entre os dois principais grupos políticos:

Girondinos - O grupo representava a alta burguesia, que defendiam idéias cada vez mais distantes do povo. Viam na continuação das medidas radicais possíveis problemas para seus negócios.

Jacobinos - Era a linha mais radical dos revolucionários, mais ligada as preocupações do restante da população, defendia a democracia e o prolongamento de medidas radicais.

Luís XVI tenta fugir para a Áustria e de lá juntamente com a ajuda de outras monarquias européias reconduzir a França ao Estado absoluto. Porém, ele é preso e reconduzido à Paris.
O exército absolutista invade a França, mas nas portas de Paris é contido pela Comuna Insurrecional de Paris. O rei foi acusado de traição e os revolucionários proclamam a República.


CONVENÇÃO NACIONAL (1792-1795)
A Assembléia Nacional Constituinte, transformada em Convenção Nacional, por sufrágio universal, marca a consolidação do Estado Burguês. Pois, a partir de agora, quem comandava a França era o partido dominante da Convenção. De início quem a dominava eram os girondinos, após o episódio do julgamento de Luís XVI onde foi decidido que o rei seria guilhotinado, essa supremacia chegava ao fim.
Depois da execução do rei em janeiro de 1793, foi formado por Áustria, Prússia, Inglaterra, Holanda e Espanha a Primeira Coligação, para conter a ascensão burguesa na França e reconduzi-la a um governo monárquico.
O quadro que era grave, além da ameaça externa, os revolucionários estavam diante de uma grave crise econômica, anterior a 1789 e sérias divisões políticas. Até que em 2 junho de 1793, os jacobinos, com o apoio dos Sans culottes, tomaram o controle da Convenção, prendendo os líderes girondinos. Dando início ao período realmente revolucionário, onde os dirigentes políticos governavam em nome do povo francês e não mais para assegurar que seus negócios não fossem afetados. A princípio Danton liderou os jacobinos na direção da França, depois foi substituído por Robespierre, iniciando o período conhecido como o TERROR. Muitos foram mandados para guilhotina sob a acusação de contra revolucionários, incluindo alguns jacobinos.

Ainda em 1793, Foi aprovada uma nova constituição (Ano I), enfatizou-se o sufrágio universal. Também foi extinto o calendário Gregoriano e zerada a contagem dos anos, o calendário também foi modificado dando aos meses nomes relacionados aos ciclos agrícolas. Foram adotadas medidas que beneficiavam a população, como a Lei do Preço Máximo, venda ao público a preços baixos, de bens da Igreja e dos nobres emigrados, decretação da abolição da escravidão nas colônias francesas, fim de todos os privilégios, criação do ensino público e gratuito, etc. Além disso, o novo governo empenhou-se em acabar com o predomínio da religião, desenvolvendo um culto revolucionário fundado na razão.
As constantes ameaças externas e dificuldades econômicas, somadas ao sentimento de insegurança populacional com as constantes execuções, fizeram Robespierre perder progressivamente o prestígio de líder nacional. Aproveitando-se disso, a burguesia re reorganizou e em 27 de julho de 1794 (9 termidor) retomou o poder da convenção derrubando os líderes jacobinos e os mandando à guilhotina, inclusive Robespierre. Esse golpe foi chamado de Reação Termidoriana.
A convenção Termidoriana anulou várias decisões jacobinas, reativando o projeto político burguês. Instalou-se o TERROR BRANCO, com radicais de direita executando líderes de esquerda. No ano seguinte, 1795, foi elaborada a Constituição do Ano III, marginalizando grande parte da população, com o voto censitário (por renda) e o governo executivo seria exercido por um Diretório.

DIRETÓRIO
Caracterizou-se pela hegemonia girondina, que sofreu oposição da esquerda jacobina e da direita realista, desejosa da volta dos Bourbons ao trono francês. O quadro interno era de conflito político, nos anos de 1795 e 1797, houve golpes realistas e 1796 houve a Conspiração dos Iguais (movimento de esquerda). Já no quadro externo a França acumulava vitórias contra as forças absolutistas que formavam a Segunda coligação. Nesses combates destacava-se a Napoleão Bonaparte. Para garantir e consolidar internamente a república burguesa, os girondinos desfecham um golpe juntamente com Napoleão à frente em 9 de novembro de 1799 (Golpe de 18 Brumário). O diretório foi substituído por um novo governo, o Consulado, liderado Por Napoleão Bonaparte.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Prova de vestibular da UFF de 2005 (1º etapa).

Essa é a primeira prova corrigida e explicada pelo HISTORICIDADE. A partir de agora, publicaremos 1 prova por semana, seja de vestibular ou concurso, no mesmo molde dessa que segue abaixo.
Bons estudos!

2) O renascimento europeu dos séculos XV e XVI anunciava um novo homem, liberto do véu da teologia, envolvido com a natureza que se torna a medida de todas as coisas, capaz de inovar em todos os ramos do conhecimento e suficientemente curioso para ultrapassar as fronteiras da Europa. A inquietação desse homem renascentista deu-lhe a condição de ser o descobridor do Novo Mundo.
O texto acima apresenta as grandes novidades dos tempos modernos: O novo homem. A partir dessa conclusão, assinale a opção que indica o melhor potencial de visão desse novo homem.

A) O homem renascentista criou um novo mundo – a Ásia-, uma nova filosofia –o iluminismo-, e uma nova religião –o politeísmo-todos eles resultantes dos contatos com a América.

B) O homem moderno ocupou-se, principalmente, em construir uma nova religião, amparada no conceito de natureza, povoada de mitos antigos e baseada no sistema politeísta persa.

C) O homem renascentista, preocupado com seu corpo desenvolveu as artes como primeiro e absoluto instrumento de sua beleza, levando-o a um processo de alienação que o fez voltar à religiosidade medieval.

D) O caráter universal é marca que recebe esse homem renascentista, pois a universalidade era a virtude que o colocava no mesmo nível de Deus; por isso, tantas representações literárias e artísticas voltadas para o universo religioso no período.

E) O homem renascentista, apegado à natureza, criou um novo mundo, que se compunha de uma nova economia –o mercantilismo-, de uma nova política -os Estados modernos-e de um novo lugar onde ele olhava todas essas coisas: a cidade moderna.

Resposta: E

Explicação da resposta: O renascimento enfatizava uma cultura laica, racional e científica. Buscou subsídios na cultura greco-romana. Foi a eclosão de manifestações artísticas, filosóficas e científicas do novo mundo urbano e burguês.
Pois, foi gerado num momento onde estava em vigor um processo de urbanização e ascensão da burguesia. Inspirou-se, sobretudo no antropocentrismo, a fim de resgatar valores que interessavam ao novo mundo urbano-comercial.




7) “As festas e as procissões religiosas contavam entre os grandes divertimentos da população, o que se harmoniza perfeitamente com o extremo apreço pelo aspecto externo do culto e da religião que entre nós sempre manifestou (...) o que está sendo festejado é antes o êxito da empresa aurífera, do que o santíssimo sacramento. A festa tem uma enorme virtude congraçadora, orientando a sociedade ao evento fazendo-a esquecer de sua faina cotidiana. (...) A festa seria um rito, um momento especial criado pela sociedade, situação surgida sob a égide e o controle do sistema social e por ele programada. A mensagem social de riqueza e opulência para todos ganharia, com a festa, enorme clareza e força. Mas a mensagem viria como cifrada: O barroco se utiliza da ilusão e do paradoxo, e assim o luxo era ostentação pura, o fausto era falso, a riqueza começava a ser pobreza, o apogeu decadência”

Segundo a autora do texto, a sociedade nascida da atividade mineradora, teria sido marcada por um “fausto falso” por que:

A) a mineração, por ter atraído um enorme contingente populacional para a região das Gerais, provocou uma crise constante de subalimentação, que dizimava somente os escravos, a mão-de-obra central dessa atividade, o que compensava pela realização constante de festas:

B) o conjunto das atividades de extração aurífera e de diamantes era volátil, dando aquela sociedade uma aparência opulenta, porém tão fugaz quanto a exploração das jazidas que rapidamente se esgotavam;

C) existia um grande contraste entre os que monopolizavam a grande exploração de ouro e diamantes e a grande maioria da população livre, que vivia em estado de penúria total, enfrentando, inclusive a fome, devido à alta concentração populacional na região

D) a riqueza era a tônica dessa sociedade, sendo distribuída por todos que nela trabalhavam livres e escravos, o que tinha como contrapartida a promoção de luxuosas cerimônias religiosas, ainda que fosse falso o poderio da igreja nesta região.

E) a luxuosa arquitetura barroca era uma forma de convencer a todos que buscavam viver da exploração das jazidas que o enriquecimento era fácil e a ascensão social era aberta a todas as camadas daquela sociedade.

Resposta: C

Explicação da resposta: Desde o início da corrida do ouro que iniciou na última década do século XVII, a notícia da descoberta de ouro difundiu-se pelo Brasil e em Portugal. Indo para a região das minas, um enorme número de aventureiros tanto da colônia quanto da metrópole, ávidos por enriquecimento rápido. Conseqüentemente desse deslocamento populacional maciço, houve uma grave carestia, tornando-se durante alguns períodos, catastróficas.
Havia basicamente dois tipos de empreendimentos mineradores, que eram a lavra (grande extração) e a faiscação (pequena extração). A lavra era a extração utilizava amplamente o trabalho escravo, à medida que as jazidas iam se esgotando e tornavam-se antieconômicas, ocorria o deslocamento para outras jazidas, deixando o que restara para a faiscação, praticada por pequenos mineradores. Sendo praticada pela maioria dos mineradores.



11) O colono Thomaz Davatz escreveu, numa fazenda de café paulista, em meados do século XIX:
“O caso do Brasil é de um país que já perdeu todo o crédito. E o castigo que mercê tal país é, nem mais nem menos, é a retirada de todos os colonos que lá se acham e a supressão do tráfico brasileiro de braços europeus”.

O autor, ele mesmo um colono estrangeiro que trabalhou na atividade cafeeira, está denunciando através de seu texto:

A) que os fazendeiros brasileiros, em geral, praticavam o tráfico de escravos europeus, após 1831;

B) as péssimas condições de vida dos colonos italianos que vieram para as grandes fazendas de café de São Paulo, após a adoção da imigração subvencionada pelo governo provincial;

C) que o Brasil é um país que perdeu todo o seu crédito, porque os fazendeiros do novo oeste paulista, não pagavam a seus colonos pelos serviços prestados;

D) as péssimas condições de vida e de trabalho dos estrangeiros que vieram trabalhar nas colônias de São Paulo, em parceria com os proprietários de terra, onde eram tratados com desrespeito em crescente endividamento com os fazendeiros que os contratavam;

E) que a vinda de imigrantes para o trabalho nas lavouras do Brasil, em geral, e na cafeicultura paulista, em particular, era inadequada devido a sua inadaptação as condições climáticas e ao convívio com os escravos.


Resposta: D

Explicação da resposta: Com a cafeicultura do Oeste paulista em plena formação em meados do século XIX, foi possível programar a mão-de-obra assalariada em substituição à escrava. A primeira tentativa foi com as colônias de parceria, aonde as famílias vindas da Europa comprometiam-se a cultivar certo número de cafeeiros, colher e beneficiar o produto, repartindo o dinheiro da venda com o fazendeiro. Os resultados práticos não foram bons e a experiência fracassou, muito devido às péssimas condições em que os imigrantes viviam.



19) “Em meados do século XIX (...) o império ingressou numa era de mudanças relacionadas a própria expansão do capitalismo. Os ventos do progresso começaram a chegar ao país, atraídos pelas possibilidades de investimentos e lucros em setores ainda inexplorados”

Assinale a opção que melhor identifica a noção de progresso, construída durante a segunda metade do século XIX, no Brasil.

A) Os mocambos eram palácios inspirados no estilo europeu e expressavam o ideal de riqueza e progresso da elite imperial.

B)
A rodovia era considerada o símbolo do progresso porque diminuía as distâncias entre as áreas produtoras e o mercado interno de produtos agrícolas.

C)
A descoberta de ouro e diamantes, em Minas Gerais, deu concretude à noção de progresso ao Império brasileiro.

D) A construção das ferrovias na segunda metade do século XIX significou a consolidação de empresas capitalistas subornadas aos interesses escravistas dos produtores de café.

E) A imagem de capital “civilizada” com seus salões e clubes deram a São Paulo o status de lugar de diversão e entretenimento da boa sociedade.

Resposta: D

Explicação da resposta: Com a expansão do mercado cafeeiro no Brasil, era preciso agilizar o processo de escoamento da mercadoria das fazendas para os portos. E foram implantadas as ferrovias a partir da segunda de meados do século XIX com o auxílio do capital estrangeiro. Como o principal motor econômico do Brasil na época era escravista e cafeeiro, toda evolução capitalista estava ao arbítrio dos rumos que essa economia tomava. Além da ascensão do café, a reunião de outros fatores favoráveis influenciou para a onda de empreendimentos que modernizaram a economia brasileira imperial, como a tarifa Alves Branco que melhorou a arrecadação alfandegária e a abolição do tráfico negreiro, que liberou capitais que foram redirecionados para a aplicação no mercado interno.



28) Na passagem do século XIX para o XX, os movimentos sociais foram espaços importantes onde se verificavam mudanças de hábito e de valores que asseguraram e legitimidade da presença feminina na cena política. Destaque especial, nesse contexto, teve a chamada “revolução alemã” que revelou, dentre outras coisas, uma das figuras mais combatentes do socialismo.
Assinale a opção correta que identifica essa figura de destaque.

A) Anna Kolontai, membro do partido comunista alemão e criadora do movimento de emancipação das mulheres na Áustria, participante da república de Weimar.

B) Rosa Luxemburgo, membro da Liga espartaquista e criadora da expressão “socialismo e barbárie”, que teve presença importante nos rumos da política social da Alemanha e da Rússia.

C)
Olga Benário, membro do grupo de emancipação do trabalho e organizadora do movimento operário nas fábricas de Berlim, sendo assassinada pela polícia.

D) Anita Garibaldi, membro do partido social democrata alemão e professora da universidade de Berlim, que organizou um grupo de estudo para alunas, com o intuito de democratizar a vida universitária.

E) Bertha Lutz, membro do partido da democracia social alemã e criadora da frase “socialismo é revolução”, organizadora do movimento das mulheres operárias da cidade de Bonn.

Resposta: B

Explicação da resposta: Rosa Luxemburgo era judia polonesa, socialista, foi extremamente importante nos rumos das políticas sociais na Rússia e na Alemanha, devido a sua atuação na política e a influência exercida por ela nos militantes de esquerda da Europa no período que vai da última década do século XIX até sua morte em 1919. Sendo uma das mais importantes militantes da social democracia européia, foi radicalmente contra a atuação do proletariado na I guerra mundial, pois defendia que tal conflito era de caráter imperialista burguês. Era partidária da revolução proletariada e como conseqüência disso, fundou a Liga Spartacus, sendo protagonista da revolução alemã que ocorreu entre 1918 a 1919.
Rosa Luxemburgo também influenciou socialistas que não simpatizavam com os rumos que a revolução russa tinha tomado, fazendo críticas a posições defendidas por Lênin.




35) Os processos de ocupação do território Americano do Norte simbolizam, para muitos historiadores a presença do ideário europeu no Novo Mundo. Os pioneiros ingleses do Mayflower construíram uma sociedade baseada na justiça e no cumprimento dos valores religiosos e morais protestantes. Essa base fundadora teve papel essencial na formação dos Estados Unidos da América.

Assinale a opção que contém a relação entre a fundação e a formação dos Estados Unidos.
A) A revolução americana de 1776 representou, nos Estados Unidos, a presença dos valores da revolução francesa, mostrando como os americanos estavam sintonizados com a Europa e não queriam se separar da Inglaterra.

B) A revolução americana de 1776 foi o episódio que representou, de forma mais cabal, a presença da tradição dos primeiros colonos, através do sentido de liberdade e do sentido de “destino manifesto”.

C) A revolução americana apresentou valores que eram oriundos das culturas indígenas e por isso garantiu a expressão radical de liberdade, na revolução.

D) A revolução americana de 1776 foi um episódio isolado na historio dos Estados Unidos, pois se fundamentou em valores de unidade que não foram capazes de fazer dos Estados Unidos um país americano.

E) A revolução americana de 1776 foi apenas um ensaio do que ocorreria em todo século XIX nos Estados Unidos, por isso podemos pensá-la como um apêndice da guerra de secessão, esta sim, vinculada a revolução francesa.

Resposta: B

Explicação da resposta: A revolução americana ocorrida em 1776, teve como conseqüência a independência dos Estados Unidos, conseguida depois de uma guerra com a Inglaterra que durou até 1781. É possível identificar na declaração de independência norte-americana uma forte presença do pensamento iluminista, onde aparecem temas como: a igualdade entre os homens, o direito à vida, à liberdade, e à busca da felicidade; a idéia de que a fonte de poder encontra-se no consentimento dos governados e o direito à resistência, quando o governo contrariar os fins para os quais foi constituído. Ideologicamente é possível observar desde os primeiros imigrantes puritanos a chegarem à América do norte, como colônia inglesa, a idéia de predestinação de um povo que veio ao mundo para liderar o mundo dentro de conceitos puritanos.





36) O filme “diário de motocicleta” colocou em evidência a figura de Ernesto Guevara, médico argentino, líder revolucionário, da década de 1960. Ao lado do romantismo que envolve a figura de “Che” há um processo histórico sangrento e dotado de um sentido de busca da identidade da América Latina, incluído aí o Brasil. Esse sentimento decorreu da exploração imperialista que conduziu o mundo latino-americano ao subdesenvolvimento.

A partir das referências contidas no texto, assinale a opção que reúne fatos ilustrativos da repressão aos movimentos socais de oposição à política americana na América Latina.

A) A vitória de Pinochet no Chile, a intervenção do exército argentino no Uruguai, a morte de Che Guevara e a revolução de 1964 no Brasil.

B) A morte de Anastácio Somoza, a intervenção americana na Nicarágua, a revolução cubana de 1958 e a formação das FARCS na Colômbia.

C) A morte de Che Guevara, a repressão política após o golpe de1964 no Brasil, a oposição ao governo de Salvador Allende no Chile e a invasão da Baía dos Porcos pelo exército americano.*

D) A ditadura militar implantada no Brasil em 1964, revolução cubana de Fidel Castro, a morte de Che Guevara e a vitória inglesa na guerra das Malvinas.

E) A vitória inglesa na guerra das Malvinas, a revolução cubana de Fidel Castro, a morte de Che Guevara e a revolução de 1964 no Brasil.

Resposta: C

Explicação da resposta: Os Estados Unidos começam a intervir de forma sistemática nos demais países americanos após a guerra contra Espanha pelo controle de Cuba em 1998. Durante todo o século XX aconteceram diversas interferências oficiosas nos rumos políticos da região e de seus líderes contrários a essa interferência. Como por exemplo: Cuba, que através de uma revolução Liderada por Fidel Castro que chegou ao poder em Janeiro de 1959 derrubando o governo de Fulgêncio Batista que era apoiado pelo governo norte-americano, onde se destacou Ernesto Guevara de La Serna, popularmente conhecido como Che Guevara, tornando-se um líder revolucionário que via nos Estados Unidos uma nação imperialista responsável pela miséria em que o povo latino americano vivia. Che Guevara foi morto na Bolívia em 1967 numa operação do exército boliviano que contou com o apoio do governo dos Estados Unidos.
No Brasil, o golpe militar de 1964 contou com a ajuda norte-americana na conhecida operação brother Sam que seria implementada caso houvesse resistência ao golpe por parte dos militares que apoiavam Jango. Durante o período ditatorial militar no Brasil os Estados Unidos ajudaram os militares brasileiros na manutenção da ordem vigente, através de apoio econômico e de caráter militar.
Os Estados Unidos também da derrubada do governo de Salvador Allende, que tinha ideologia política marxista. Desde a eleição para a presidência de 1964 na qual Allende perdeu para Eduardo Frei, a CIA já apoiava seu opositor custeando sua candidatura. Em 1970 Allende elege-se presidente do Chile e com suas medidas de caráter nacionalista, que inclusive contavam com nacionalização de empresas norte-americanas, gerando uma oposição mais forte ao governo socialista chileno. Até que em setembro de 1973 apóia um golpe militar liderado por Augusto Pinochet, desencadeando numa cruel e brutal ditadura.
Tentando reaver o controle político e econômico que possuía em Cuba, o presidente Jhon kenedy em 1961, colocou em prática um plano de invasão a Cuba para derrubar Fidel Castro. Plano que tinha sido elaborado pela CIA durante a administração Eisenhower. Ficou conhecido como invasão da Bacia dos Porcos.
*A UFF na opção C indicou que a invasão a Bacia dos Porcos foi feita pelo exército americano, o que na verdade não ocorreu, a invasão foi feita por mais de 1500 exilados cubanos contrários ao governo de Fidel Castro e foram treinados pela CIA.




46) “Além da evidente fragilização das condições de trabalho e de vida das maiorias, a destituição de direitos – ou, no caso brasileiro, a recusa de direitos que nem mesmo chegaram a se efetivar – significava também a erosão das mediações políticas entre o mundo social e as esferas públicas (...) E isso muda tudo no que diz respeito à questão social. Pois, no cenário político atual, há um deslocamento da pobreza, como questão e como figuração pública de problemas nacionais, de um lugar politicamente construído (...) para o lugar da não política”

Com base no texto é possível afirmar que:

A) a destituição de direitos sociais, no Brasil contemporâneo, pode ser explicada, fundamentalmente pela falta de organização política dos desempregados ou pobres;

B) o deslocamento da pobreza como o lugar da não-política significa que os pobres perderam, na atualidade brasileira, o direito de votar.

C) o deslocamento da pobreza mencionado no texto, refere-se a sua transformação em uma questão de responsabilidade exclusiva do Estado brasileiro;

D) a destituição de direitos sociais no Brasil contemporâneo decorreu, exclusivamente, da globalização e suas repercussões sobre a economia do país;

E) o deslocamento da pobreza aludido no texto, de um lugar politicamente construído para o lugar da não política, significa que a pobreza tornou-se responsabilidade de todos, através, por exemplo, da realização de atividades filantrópicas.

Resposta: E

Explicação da resposta: Com a incompetência dos governos de resolverem as questões sociais, dentro de uma melhor distribuição de renda, acesso a condições básicas de sobrevivência, além de educação e emprego. O que daria condições de uma subsistência sustentável a população. Com essa inoperância dos governos ao longo dos anos, setores privados tentam suprir essa lacuna deixada pelo Estado, realizando serviços filantrópicos através das ONGs.



59) Os jogos olímpicos de Berlim, em 1936, tornaram-se, para muitos, o esforço emblemático dos esforços dos nazistas para comprovar a sua superioridade dos arianos, glorificando a força física, a saúde e a pureza racial dos alemães.
No entanto esse mito nazista de superioridade da raça ariana foi derrubado pelo negro norte-americano Jesse Owens, vencedor de quatro medalhas de ouro nessa olimpíada.

A) A defesa dos princípios arianos significou a condenação pública das práticas homossexuais, pois os homossexuais foram identificados como aqueles que desperdiçavam sua energia sexual em relações improdutivas.

B)
No ideário nazista, os camponeses são identificados como a reserva moral da Alemanha, independentemente de sua origem étnica.

C)
A visão mítica do campo está conjugada à glorificação do trabalho manual e da simplicidade dos camponeses, o que significou a opção pela via rural para o desenvolvimento do capitalismo.

D) A mulher alemã, é na sociedade nazista, entendia como a guardiã da raça ariana, o que implicou a defesa de sua atuação no espaço público, em detrimento de sua condição de reprodutora da raça.

E)
Os comunistas alemães foram identificados como a expressão mais completa do ideário nazista, já que aliavam sua origem étnica à defesa de uma sociedade igualitária.

Resposta: A

Explicação da resposta: Um dos ideais nazistas era a multiplicação da raça ariana, podendo ser formado um grande uma grande nação e principalmente um grande exército formado pelos “puros”. Como numa relação homossexual não há possibilidades de procriação, esse tipo de relação foi amplamente condenado.

Corrigido por,
André Braga.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Desvendando a História, um programa da TV-UVA.

Amigos, a TV-UVA, que é uma web TV da universidade Veiga de Almeida, tem um programa de história onde são mostrados temas ligados a área. O programa já produziu três episódios, o primeiro foi sobre a história do bairro da Tijuca, o segundo sobre a proclamação da república e o terceiro sobre a história do bairro de Jacarepaguá.
Eles estão no ar, basta acessar: http://www.uva.br/tvuva/controle_remoto.php.
Ao longo do ano de 2009, serão exibidos vários outros programas sobre os mais variados temas históricos, caso queiram dar sugestão de temas, mandem e-mail para o nosso blog: historicidades@gmail.com

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A questão árabe-israelense.

Para esse primeiro texto produzido pelo Historicidades, não foi preciso muitas horas para se chegar a um consenso sobre qual tema deveria ser exposto. Desde o dia 27 de dezembro quando Israel iniciou ataques a faixa de Gaza, vemos os noticiários de todo o mundo dedicando uma grande parte de seu tempo divulgando o conflito entre o exército israelense e o Hamas. Porém, julgo como preocupante boa parte da população, pelo menos a brasileira, receber uma “avalanche“ de notícias sobre um acontecimento, mas não entendê-lo. Já ouvi perguntas como: Qual é a queixa palestina? A Palestina não é um país? Quem tem razão nessa guerra? A partir de agora mostraremos a história da região, destacaremos questões sobre sua ocupação e domínio político territorial ao longo do tempo, para que possa clarear suas idéias sobre o conflito que vemos nos dias atuais.


O movimento sionista
Desde que foram forçados pelos romanos a deixar a Palestina, a partir do ano 70 d.C., os judeus se dispersaram pelo mundo. Porém, no decorrer da segunda metade do século XIX, surgiu na Europa o movimento sionista, que era um movimento político que afirmava a necessidade e o direito à existência de um Estado Judaico independente, que seria construído por meio da concentração populacional em um determinado território, conseguindo a maioria da população local, e assim o controle político, econômico e principalmente cultural da região. Esse movimento surge devido às perseguições e ao clima anti-semita estabelecido nos locais onde judeus haviam se estabelecido, como no leste europeu, onde milhares deles foram mortos devido ao Pogrom na Rússia (um ataque violento maciço a pessoas, com a destruição simultânea do seu ambiente) e ao caso Dreyfus, que para Perry Anderson foi o estopim para a deflagração do sionismo. Mas na Belle Époque o topo do judaísmo europeu ainda assim desfrutava de um acesso aos círculos governantes da Europa imperialista para além dos sonhos de qualquer outra nacionalidade oprimida da época. Sem esta paradóxica dupla determinação, de cima e de baixo, o sionismo jamais teria atingido os seus objetivos. Baseado nisso podemos concluir que sem o auxílio dos países imperialistas europeus na época, à causa judaica, seu êxodo para a Palestina não teria sucesso.No “apagar das luzes” do século XIX, o movimento sionista ganha força, liderado por um jornalista judeu europeu, Theodor Herzl que escreveu em 1896 o livro O Estado judeu, onde defendia a tese de que os judeus deveriam ter seu próprio país a fim de se proteger do anti-semitismo. No ano seguinte é feito o primeiro congresso sionista na Basiléia (Suíça), onde foi aprovada em caráter oficial a formação de um Estado judeu na Palestina, que na época era controlada pelo império Turco-Otomano e que sua população local era de árabe-muçulmanos. Outros lugares como Uganda e Argentina também foram cogitados, porém severamente rechaçados pela ala mais religiosa do movimento.Mas como é possível voltar a uma terra, onde há quase 2000 anos já não lhes pertence, sem criar nenhum atrito com o povo que lá se encontra. Cada povo tem sua cultura, sua economia, suas afinidades e rivalidades tanto internas quanto externas. Assim como o judeu tem seus hábitos próprios, os árabe-muçulmanos também os tem. A volta dos judeus à Palestina nos seus primórdios iniciou-se antes mesmo do primeiro congresso sionista e intensificou-se após 1897. O processo de volta a “terra sagrada” foi custeado por fundos que tinham por objetivos comprar terras na Palestina a fim de alojar judeus na região, como na criação das famosas e eficientes fazendas coletivas judaicas. Nos primórdios do movimento sionista, enquanto Theodor Herzl ainda cogitava regiões como Uganda e Argentina como possíveis locais para a construção nacional judaica, surgiam os argumentos a favor do território da Palestina: além de ter abrigado (há mais de dois milênios) os antigos reinos de Israel e Judá, este seria, naquele momento, uma porção menor do Império otomano, uma “terra sem povo para um povo sem terra”. A Palestina seria assim uma terra “vazia” que receberia o progresso das mãos dos colonizadores judeus. O que durante o processo migratório judeu para a região, mostrou ser uma idéia totalmente descabida sendo povoada a região, além de, em sua terra prometida e santa (Eretz Israel) desde a expansão árabe nos séculos VII e VIII a esmagadora maioria da sua população era muçulmana.A chamada “conquista da terra” era feita por compra de terras por organizações como a Agência Nacional Judaica, de proprietários notoriamente ausentes, seguida da expulsão dos camponeses que dela tiravam sua subsistência e implantação de assentamentos agrícolas exclusivamente judeus e a “conquista do trabalho”, que consistia no esforço para o emprego exclusivo de mão de obra judaica em todos os ramos da produção agrícola e industrial. Isto significava um boicote aos trabalhadores árabes, que vinha acrescido por um boicote aos produtos árabes.A ida desses judeus saídos da Europa em grandes quantidades teve o nome de Aliá e entre os anos de 1882 a 1939 houve cinco dessas ondas migratórias para a Palestina. Antes desse processo migratório viviam alguns judeus na região, mas em número muito pequeno em relação aos de árabe-muçulmanos.


As Aliás (ondas migratórias de judeus para a Palestina)
A primeira Aliá: Entre as próprias fontes israelenses não há consenso sobre os anos exatos que ocorreu essa migração, nem o exato número de pessoas que nela estavam. Mas essas mesmas fontes indicam números muito próximos uns dos outros, na questão da temporalidade. O período foi entre 1882 a 1903/04 e o número de pessoas, aí sim, com certa disparidade, entre 15.000 a 40.000 judeus, número que representa a minoria de judeus fugidos da Rússia e Romênia de onde a maioria migrou para os Estados Unidos, Canadá, Europa Ocidental e Argentina. Iniciou-se antes do primeiro congresso sionista. O que marcou significativamente essa primeira grande migração foi a ênfase no estabelecimento de colônias agrícolas e seus fundadores viram como o núcleo para um futuro Estado judeu. A região ainda era controlada pelos turco-otomanos. No início da primeira aliá ainda não existia um movimento sionista centralizado, organizado politicamente, sendo o resultado de uma iniciativa independente de grupos locais na Rússia e na Romênia.

A segunda Aliá: Ocorreu entre 1904-05 a 1914, sendo interropinda pelo início da primeira guerra mundial. As fontes hebraicas indicam que entre 30.000 a 40.000 judeus chegaram à Palestina nesse momento, vindos da Rússia. Sendo obrigatório o ensino na língua hebraica nas colônias judias.

Terceira Aliá: Ocorreu entre 1919 a 1923, chegando a Israel entre 25.000 a 36.000 pessoas. Nesse momento a Palestina já era dominada pela Inglaterra. Nesse período o movimento nacionalista palestino tornou-se especificamente palestino e não mais árabe como era quando a região era dominada pelo império Otomano. Não teve um predomínio de judeus de um determinado local.

Quarta Aliá: Ocorreu entre 1924 e 1932, participaram dessa onda migratória entre 55.000 a 68.000 pessoas. Marca o momento em que Israel passa a ser o destino preferido pelos judeus em todo o mundo, posto antes dos Estados Unidos, que nesse momento aumentaram o controle para seus imigrantes, fechando-lhes as portas e tornando a Palestina como seu destino mais natural e aceitável. Além de ter sido motivada pelo anti-semitismo do governo polaco da época, tendo predominância de Judeus da Polônia e sendo interrompida pela crise de 1929.

Quinta Aliá: Ocorreu entre 1933 a 1939, foi sem sombra de dúvida o ápice dos movimento migratórios de judeus para a Palestina. Segundo o censo de 1931 moravam na região por volta de 195.000 judeus, já as vésperas da segunda guerra mundial a população já era cerca de 472.000. E vieram imigrantes da Alemanha, Áustria, Checoslováquia e Polônia.


O nacionalismo árabe
O nacionalismo árabe surge ideologicamente no século XIX, vale ressaltar que o oriente médio era controlado pelo Império turco-otomano que apenas no final da primeira guerra mundial perde o controle da região. Do início do século XX à Primeira Guerra Mundial, o movimento cresceu em proporções, organização e importância. Ele lutou pela derrubada do Império otomano, mas não pôde pôr em seu lugar a desejada Nação árabe, sendo confrontado a partir de agora com novas forças de dominação da região: o imperialismo, britânico e francês principalmente o sionismo. Na década de 1920 assumiu a forma de um nacionalismo especificamente palestino quando confrontado com a instauração do Mandato britânico da Palestina, o incremento da imigração judaica, e a ameaça de se tornarem uma minoria em seu próprio país. Porém, havia a debilidade estrutural do movimento, reflexo da organização social semelhante ao “feudal” na palestina e o domínio político nas mãos de alguns clãs familiares.Ao longo da primeira metade do século XX o nacionalismo árabe cresceu paralelamente ao avanço da ocupação judaica na Palestina. Um egípcio, um iraquiano, um saudita, um sírio não eram afetados do mesmo modo que um árabe palestino, mas todos tinham um sentimento de perda.


A Palestina durante o mandato britânico
Durante a primeira guerra mundial a Inglaterra lutou no lado da Tríplice Entente contra a Tríplice Aliança que tinha como um de seus membros o Império turco-otomano, que com a derrota na guerra teve seu território partilhado entre os vencedores do confronto, transferindo assim para a Inglaterra o controle da Palestina. O que determinou de forma definitiva, pelo menos até os dias atuais, os rumos que a região tomou desde então.Antes mesmo do início do mandato sobre a Palestina, o governo britânico já é bastante influente na região do Oriente médio e dita o ritmo e os rumos dos acontecimentos que seguiram. Em 1914, o Egito sob ocupação britânica desde 1882, se torna oficialmente protetorado da Grã-Bretanha, em detrimento ao controle Turco da região. Como reação a isso o sultão turco teria iniciado uma guerra contra as potências imperialistas européias que arregimentou os estados islâmicos a revoltar-se contra o domínio anglo-francês.No primeiro momento, certamente a guerra ajudou numa maior centralização do poder turco. No entanto, em províncias árabes mais distantes, como na Península Arábica, o desejo de emancipação era maior e a diplomacia britânica colaborou para o rompimento definitivo da unidade otomana. Os ingleses tentariam enfraquecer internamente o Império Otomano, incentivando a revolta das províncias árabes contra o poder turco. Estabeleceram-se, então, contatos com Hussein, que era o xerife de Meca, em sua qualidade de guardião dos lugares sagrados e de descendente do profeta Maomé, sua influência moral era bastante considerável. A Inglaterra, representado pelo alto comissário inglês, Sir Henri McMahon, deu o aval para o ambicioso projeto de Hussein: restabelecer um grande Estado Árabe unido e independente, sob a sua liderança. Hussein, então, prometeu à Grã-Bretanha colocar os seus exércitos tribais na campanha militar britânica contra a Turquia, desde que o governo inglês lhe assegurasse a coroa do futuro Reino Árabe, a ser criado após a guerra. Esse movimento começou após a troca de correspondência entre os britânicos e Hussein, nos anos de 1915 e 1916. Na verdade a promessa de unificação e independência árabe era uma farsa diplomática, pois a Inglaterra fechava acordos secretos paralelos com a França e a Rússia sobre a partilha do Império Otomano. Estes acordos impossibilitariam a implantação de um Estado árabe unido e independente, o que ficou conhecido como acordo Sykes-Picot e foi feito em 1916. Esses tratados secretos que foram acertados entre os aliados vencedores da Primeira Guerra, mostram uma enorme falta de atenção pelos desejos, ou mesmo interesses, dos habitantes daquelas regiões. Já a Rússia com a revolução socialista, sairia das negociações e o acordo limitou-se aos interesses franco-britânicos. Nas negociações que se seguiram, o governo britânico utilizou as pretensões sionistas para fazer frente aos interesses da França, sobre o controle da Palestina. Esse seria um motivo importante para os ingleses oficializarem seu apoio a causa sionista, concretizando-se em 1917.Em 1917, o chanceler britânico Lord Arthur Balfour comunicava ao representante do comitê político da Organização Sionista, Lorde Rothschild, que: “O governo inglês encara favoravelmente o estabelecimento, na Palestina, de um Lar Nacional, para o povo judeu, e empregará todos os esforços a fim de facilitar a realização desse objetivo, ficando, porém, claramente entendido que nada se fará que possa prejudicar os direitos civis e religiosos das comunidades não judaicas que vivem na Palestina oficializava o seu apoio ao movimento sionista judeu”. É extremamente importante salientar que a declaração Balfour ocorreu dias antes dos bolcheviques se apoderarem do poder na Rússia, acabando de vez com o poder czarista que foi um duro opressor dos judeus da região.A diplomacia britânica, ao longo das negociações, desfez a promessa de unificação e independência feita aos árabes, ao mesmo tempo em que passou a financiar a formação de um “lar nacional” para os judeus em território árabe.Há uma contradição muito importante na Declaração Balfour, que se destaca por ser a imigração condição fundamental para a formação do lar judeu, e tem em uma de suas frases, o destaque à manutenção dos direitos cívicos e religiosos dos não judeus, ou seja, dos árabes. Ora, se o princípio sionista provinha da imigração para a Palestina e essa transferência resultava na expulsão da população local, como que os direitos cívicos e religiosos do povo local poderiam ser respeitados?A partir de 1922, a Liga das Nações concede o mandato de responsabilidade sobre o Iraque e a Palestina. Seu projeto de mandato é notoriamente pró-sionista, a ponto de não usarem o termo árabe, e sim, população não-judia. Além de no decorrer de alguns de seus artigos a dominação é claramente pró-sionista, como: “...a responsabilidade de instituir no país um estado de coisas políticas, administrativas e econômicas, de tal natureza que se assegure o estabelecimento do Lar Nacional para o povo judeu...”, ”...o reconhecimento de uma agência judia apropriada para aconselhar a administração e cooperar com ela em todas as matérias concernentes ao estabelecimento do Lar Nacional judeu e aos interesses da população judia...”, ”...facilitar a imigração judia de mútuo acordo com o citado organismo judeu; de potencializar ‘o estabelecimento intensivo de judeus sobre as terras do país’, compreendidos os domínios do Estado...”, entre outras. O imperialismo britânico – foi um dos grandes responsáveis pela situação que se tornaria insustentável. Enquanto aos árabes foi negada a independência e impossibilitada a unificação, os sionistas foram os grandes beneficiados; e isso, não aconteceu simplesmente pela boa vontade da Grã-Bretanha em dar ajuda humanitária aos judeus, mas por uma política direcionada que visava principalmente um forte apoio internacional e o domínio da Palestina.


Acirramento dos ânimos
Em 1928, é fundado no Egito a Irmandade Muçulmana que idealizou o islamismo político idealizado pela Irmandade Muçulmana, que combatia principalmente a influência ocidental nos países muçulmanos; o domínio anglo-francês do pós-guerra no Oriente Médio e no nordeste africano colaborou para uma rápida divulgação dessas idéias, reforçando-se a idéia de um pan-islamismo, em que a afinidade religiosa seria a chave para uma unificação e o Islã funcionaria como sua base ideológica, sem divisões por origem étnica. Pregava a união dos Estados islâmicos.Também existia Pan-arabismo que era um movimento para a união dos povos árabes (independentes da religião), ambos tinham graves problemas internos, no que diz respeito a suas identidades. Mas na questão Palestina as ideologias tanto árabes, quanto islâmicas foram canalizadas e encontraram um vasto terreno de divulgação ideológica, devido à forma do projeto de colonização sionista, que segundo uma lista de documentos, como os artigos do estatuto da Agência Judaica, declarações feitas no congresso sionista em 1913 e no relatório britânico da Comissão Real, dão conta de práticas ilegais no que diz respeito à fixação em solo palestino. “Todas as terras compradas pelo Fundo Nacional Judeu tornaram-se legalmente, racialmente ‘judias’ e não podiam jamais ser readquirida por um não judeu. Os fazendeiros e trabalhadores árabes eram, respectivamente, desapossados ou expulsos pelo boicote racial sionista ao trabalho árabe, que se estendia a todas as possíveis empresas sionistas, tanto urbanas como rurais. Se árabes tinham de ser empregados sob instruções britânicas, recebiam salários mais baixos do que os judeus para o mesmo trabalho”.Na Palestina, nesse meio tempo (1936), a população árabe voltou-sesimultaneamente contra os ingleses e os sionistas. O Haganh (Exército Clandestino judeu, criado no início do século com o objetivo de defender as colônias judias), apoiado pela Grã-Bretanha, entrou em ação contra os árabes.Em 1939, a Grã-Bretanha lança um livro branco. Preocupada com os crescentes movimentos populares palestinos e as reações dos judeus, teria decidido limitar a imigração judia, efetivamente. Com a eclosão da guerra, em 1939, uma onda de imigração clandestina começou a desenvolver-se na Europa. Segundo fontes judaicas de 1945 a 1948 foram transportados cerca de 70.000 pessoas por barcos, e 13.000 por outras vias. O Governo Britânico opunha-se tenazmente, patrulhando o Mediterrâneo e capturando todos os barcos que podia. Os imigrantes capturados eram desembarcados de volta na Europa, ou em campos de refugiados no Chipre ou na própria Palestina. Porém, a descoberta do genocídio nazista aos judeus como a principal razão da insustentabilidade da política restritiva britânica à imigração sionista para a Palestina.Os conflitos entre os dois lados intensificam-se, Organizações terroristas judias, por sua vez , como o Irgun (surgido em 1938, de uma dissidência do Haganah) e o Stern (fundado em 1941), engajaram-se na luta contra o domínio britânico e os árabes, sobretudo após 1944. Um grande exemplo disso é o episódio ocorrido em outubro de 1945, quando Ben Gurion, o então presidente do diretório da Agência Judaica lançaria, em nome da comunidade judia, um apelo à luta armada. Essa seria marcada por atentados espetaculares, como a destruição, pelo Irgun, do Hotel King David de Jerusalém, sede do estado-maior inglês. Entre judeus, árabes e ingleses, dezenas de vítimas seriam retiradas dos escombros.No imediato pós-guerra é importantíssimo lembrar que a Inglaterra estava muito fragilizada. Por isso, declarava que deixaria o domínio da Palestina em maio de 1948, deixando a cargo da recém criada ONU (1945) a decisão sobre o futuro da região.


A ONU intermediando
Em 29 de novembro de 1947, a Assembléia Geral das Nações Unidas votava pela partilha da Palestina entre um Estado judaico e um Estado árabe. A cidade de Jerusalém, considerada uma entidade separada, seria colocada sob autoridade internacional (na época a cidade tinha uma população igual de judeus e de árabes). Nesse período a população judaica ainda era minoria, mas contariam com uma extensão territorial maior para o seu Estado. Por esse motivo, as declarações da ONU aumentariam ainda mais as tensões entre árabes e judeus, dando origem a conflitos ainda maiores; levando a guerra entre árabes e israelenses nos anos de 1948/49 o que delimitou uma nova fronteira nos territórios judeus e árabes na Palestina, ficando Israel com pouco mais de 70% do território palestino, gerando também problema dos 900.000 refugiados palestinos que foram expulsos de suas casas.


Considerações finais
Reservei-me em terminar o artigo nessa guerra terminada em 1949, por entender que as origens desse conflito que ainda vemos nos dias de hoje, cessam nesse período, o que acontece a partir desse momento são os desdobramentos e conseqüências desses fatos mostrados durante o texto.É de profunda importância ressaltar que o HISTORICIDADES tem o compromisso com a imparcialidade, mesmo sabendo que os seres humanos levam para suas obras, suas impressões pessoais sobre todos os assuntos nos quais se propõem a discutir. Mas voltando ao tema, será que é possível uma solução pacífica para a questão árabe-israelense? Você leitor o que acha? O que vemos até agora são proposições de soluções radicais, utópicas e demagogas. Muitos se enganam achando que é uma questão religiosa, quando na verdade a religião é usada apenas como pretexto por alguns, o que vemos se analisarmos os discursos de ambos os lados são ressentimentos históricos sobre os respectivos territórios.

Escrito por,
André Braga.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Iniciando os trabalhos.

Estamos iniciando nosso longo e árduo trabalho de composição de um espaço onde você encontrará as mais importantes provas de história de vestibulares e concursos.
Aqui também será o espaço onde colegas historiadores poderão divulgar seus trabalhos de pesquisa. No HISTORICIDADES publicaremos importantes textos sobre os mais relevantes momentos históricos, para que seja possível esclarecer algumas dúvidas sobre questões que nos cercam em nosso cotidiano e muitas vezes não entendemos suas razões. Iniciaremos essa parte com um texto sobre a questão ÁRABE-ISRAELENSE.
Também contamos com sua ajuda para que possamos oferecer o melhor em história para vocês. Podendo nos enviar suas opiniões, sugestões e ou críticas do nosso trabalho.
Fiquem ligados no HISTORICIDADES, ele é o seu espaço da história na internet.

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