sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Escravidão Grega

Certo dia, resolvendo uma questão de um concurso para professor de história, reparei que a banca generalizou quando usou o termo “escravidão na Grécia”. É possível falar de forma homogênea de qualquer relação de trabalho de uma determinada região, onde existiam várias cidades autônomas economicamente e politicamente? Minha opinião é não.
Vamos nos prender as duas principais Cidades Estadas gregas, Atenas e Esparta. Se apenas usarmos o exemplo dessas duas, e ignorarmos as dezenas de outras cidades existentes naquela região, veremos que já essas relações já seriam diferentes, impossibilitando o uso de qualquer termo genérico.
Esparta por exemplo, sua estrutura social era formada por espartanos, que eram os únicos detentores da cidadania. Os periecos, que habitavam os arredores da cidade e eram livres, dedicados ao comércio e ao artesanato, que eram atividades desprezadas pelos espartanos. E por último os hilotas, que eram servos pertencentes ao Estado, presos a terra, permaneciam juntos a esses locais. Ou seja, existia escravidão em Esparta ou era servidão? Bem, eles Cultivavam a terra do proprietário espartano com suas ferramentas e pagavam uma renda anual fixa in natura: trigo, vinho, queijo, azeite. Como essa renda constituía cerca de metade do rendimento do solo, o resto era suficiente apenas para sustentar algumas famílias hilotas. Por isso, é possível afirmar que eles eram mais próximos do modelo de servos do que de escravos.
Já em Atenas, podemos dizer que existiam escravos. Eram prisioneiros de guerra, vindos de muitas regiões do mundo bárbaro e grego, além de também serem feitos escravos através de dívidas. Não constituía uma categoria social, e sim, eram considerados como um bem móvel. Logo se transformaram na base da produção agrária, além de também terem atuado em outros ofícios.
De uma forma mais geral é possível perceber um certo padrão na escravidão da antiguidade, que inclusive era o modelo utilizado pelos atenienses. Mas é de fundamental importância que seja mostrado que havia outras formas de trabalho compulsório na antiguidade clássica, como no caso de Esparta.

Bibliografia:
Vicentino, Cláudio. História Geral. São Paulo: Scipione, 1997.
Florenzano, Maria Beatriz B. O mundo Antigo: economia e sociedade. São Paulo, Brasiliense, 1982.
Maestri, Mario José Filho. O Escravismo Antigo. São Paulo, UNICAMP, 1986.

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