quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Feudalismo

O feudalismo foi a estrutura econômica, social, política e cultural da idade média. Mas para começar esse texto é preciso entender o que foi essa Era histórica, que passou a ser chamada de média, já no renascimento. Demonstrando repúdio os renascentistas rapidamente induziram tendenciosamente a concepção de que a Idade Média foi a “Idade das Trevas”, “a noite de mil anos”, em que mergulhara a idade clássica com a queda de Roma no ano de 476 e que historiograficamente a idade média termina em 1453, com a queda de Constantinopla.

Os principais escritores sobre o assunto dividem-na em ALTA IDADE MÉDIA (século V ao século X), que marca a formação e consolidação do feudalismo e BAIXA IDADE MÉDIA (século X ao século XV) que marca o período de declínio desse sistema.

Como a Europa se feudalizou depois de ter conhecido o esplendor comercial com o império romano? Bem, com as crises internas de Roma, seu poderio militar enfraqueceu-se, com isso possibilitou que vários povos bárbaros começassem a invadir seu território, situação que durou até a sua derrocada total.

Os moradores das cidades em péssimas condições de sobrevivência iniciaram um êxodo em direção ao campo, buscando melhores condições de vida e proteção. Quando chegam encontram grandes propriedades rurais na mão de alguns senhores nobres. Como não tinham posses, recebem frações de terras desses nobres para trabalharem na agricultura. Passando a condição de servo, que diferentemente do escravo, estava atrelado à terra. Mas em troca prestava várias obrigações aos seus senhores. Além de pagarem várias taxas e tributos, os servos deveriam trabalhar gratuitamente alguns dias na semana no manso senhorial (pedaço de terra pertencente ao senhor feudal) e entregar a maior parte de sua colheita para o seu senhor.


Mas existia também um outro grupo de camponeses que eram os vilões. Antigos proprietários livres que entregavam sua propriedade a um senhor feudal, em troca de proteção, mas tinham obrigações quase sempre definidas, não podendo ser modificadas segundo a vontade do seu senhor.

Essa relação social de dependência social entre nobres e camponeses é de origem romana. Antes mesmo de seu fim, o governo romano estipulou o Colonato, pois, como Roma passava por uma grave e irreversível crise no seu sistema escravista, devido ao alto preço do cativo, levando a sua escassez no mercado, o camponês foi fixado à terra, substituindo o escravo, a clientela romana que estabelecia laços de dependência social entre indivíduos (senhor / servo) também foi fundamental nesse processo, e por fim, ainda durante a existência de Roma ocorria o Precarium, que consistia na entrega de terras feitas por pequenos e médios camponeses impossibilitados de mantê-las, à um grande senhor aristocrata, em troca de proteção.

Como a sociedade medieval foi uma mistura da sociedade romana com a bárbara, principalmente dos povos invasores provenientes do norte europeu (bárbaros germânicos), o feudalismo também sofreu influência de instituições germânicas, como o Comitatus, que estabelecia relação entre os guerreiros e seus chefes tribais. Servindo de alicerce para a relação feudal entre os SUSERANOS E VASSALOS.

Devido a extrema escassez de moeda circulante, a terra era a principal forma de riqueza. Com isso, estimulou-se a prática de retribuir com terras os serviços prestados pelos nobres, aos nobres. Os que cediam as terras eram os suseranos e os que recebiam tornavam-se seus os vassalos. Uma HOMENAGEM (cerimonial) acompanhava a doação do feudo (BENEFICIUM), ocasião em que o vassalo jurava fidelidade ao suserano, comprometendo-se em acompanhá-los nas guerras, entre outras obrigações, ao mesmo tempo em que o suserano, reciprocamente jurava-lhe proteção. Nesse caso era uma relação horizontal, e não vertical como era no caso da relação senhor/camponês.

Como as terras eram divididas em feudos, e sendo eles auto suficientes, praticando uma economia de subsistência, o senhor de um feudo era a principal figura dentro de suas possessões. A figura do rei era praticamente figurativa, houve uma descentralização política e administrativa. Cada feudo era autônomo.

Como podemos ver a sociedade feudal era ESTAMENTADA, ou seja, dividida em estamentos, ordens, estados, classes, no topo de sua pirâmide social vinha o CLERO, abaixo vinham os nobres, suseranos e vassalos e por último os vilões e camponeses.

Apenas com o ressurgimento do comércio na chamada baixa idade média, com o advento das cruzadas é que essa sociedade inicia um lento e longo processo de reabertura comercial e cultural para o restante do mundo.

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