terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Início da colonização no Brasil.

A chegada dos portugueses ao Brasil em 22 de abril de 1500 é apenas um evento dentro de um contexto mais amplo, que foi a expansão marítima portuguesa e européia dos séculos XV e XVI. Em Portugal, diante do seu pioneirismo marítimo, desejava encontrar uma nova rota comercial para fazer seu comércio com as índias. Ao expandir seu contato com o oceano Atlântico, acabou tomando posse de um território vastíssimo, que foi sua principal fonte de renda durante muitos anos, estamos falando do Brasil.

Nos primeiros anos, quase nada de interessante foi achado por aqui, como exceção, podemos destacar o Pau Brasil, madeira tintorial conhecida pelos europeus, que até então era importada do oriente. Sendo assim, as primeiras atividades econômicas concentraram-se na extração dessa madeira. O regime dessa atividade era o ESTANCO, ou seja, sob o regime de monopólio real (régio). Mas como de costume, logo comerciantes privados arremataram o direito de exploração.

Logo foram estabelecidas feitorias, que serviam de fortificações e de depósito de madeiras. O ESCAMBO era a forma de exploração do Pau Brasil, o indígena fornecia a madeira, em troca de produtos de baixo valor para os portugueses.

Ao saberem da existência de Pau Brasil nas “novas terras”, os franceses passaram a freqüentar o litoral brasileiro com assiduidade, pois dependiam das importações dessa madeira realizadas no oriente. Os franceses realmente decidiram ficar, a fim de explorar a região. O que obrigou a coroa portuguesa a enviar para sua colônia na América, expedições guarda costas e depois expedições colonizadoras, no intuito de manter o controle sobre o território. Várias batalhas foram travadas e os portugueses conseguem manter a posse da região. Consolidando o processo colonizador do Brasil.

Para tal, a coroa portuguesa seguiu uma lógica já conhecida por eles, que consistia em dividir as terras em enormes lotes e ceder a particulares o direito de povoá-las e desenvolvê-las. São as capitanias hereditárias. Destinando a colonização a iniciativa privada, o rei praticamente abre mão de sua soberania sobre as terras brasileiras, pois dava aos donatários poderes amplíssimos.


A nova colônia portuguesa foi então, dividida em gigantescos lotes de terra. Cada uma tinha seu administrador, mas curiosamente, nenhum deles eram da alta nobreza, o que demonstra que o empreendimento tinha pouca atratividade. Por uma combinação de fatores, como a necessidade de alto investimento financeiro e as incertezas e os riscos da empresa colonial, como a distância da metrópole, o isolamento das demais capitanias e os ataques dos índios. Esses são os fatores que levaram ao fracasso o sistema de capitanias hereditárias no Brasil.

Como a coroa mantinha suas pretensões de povoar o Brasil, foi mudada a estratégia, surgindo assim, o GOVERNO GERAL em 1548. No ano seguinte, em 1549, desembarca na colônia o primeiro governador geral, Tomé de Sousa.

As capitanias hereditárias não foram extintas, mas em tese, perderam sua plena autonomia, passando a responder e ficar subordinados a um governo central, que respondiam em nome da coroa.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Merovíngios e Carolíngios

A penetração bárbara no império romano iniciou ainda na fase áurea de Roma, quando o então imperador Otávio Augusto recrutou germânicos para integrar as legiões do exército romano. No período decadente do império, mais precisamente nos séculos IV e V e ao longo dos séculos posteriores a região foi sucessivamente invadida por tribos germânicas, as quais originaram diversos reinos romanos / germânicos.

Entre todos esses reinos apenas os FRANCOS foram duradouros, caracterizando-se por ser a última “resistência” ao processo de feudalização na Europa. Sua primeira dinastia foi a MEROVÍNGIA (nome derivado do herói franco Meroveu). Seu neto, Clóvis, anexou vários territórios em batalhas. Em 496, deu um passo importante para fortalecer seu poder real, converteu-se ao cristianismo, ganhando o apoio da Igreja e da maior parte da população da Gália, constituída por cristãos. Fato que também contribuiu para aumentar a integração entre conquistadores e conquistados.

Porém, um processo muito comum durante a idade média, enfraqueceu o poder da dinastia. Por serviços prestados ao rei, como recompensa, as terras do reino eram distribuídas para o clero e a nobreza. O que aos poucos acarretou numa perda de poder real nessas terras, que se submeteram aos senhores feudais.

O poder transferiu-se para os prefeitos (mordomos) do palácio, verdadeiros primeiros ministros. Destacando-se no cargo, Carlos Martel, barrando a expansão árabe em 732. Seu filho Pepino, o Breve, com o apoio papal depôs o último soberano merovíngio, iniciando a dinastia Carolíngia. Em retribuição ao apoio, cedeu território a igreja, que deram origem aos Estados Pontifícios (na Itália).

Em 768, Carlos Magno, filho de Pepino e o mais famoso e importante dos reis francos, assumiu o trono e expandiu suas fronteiras, aumentando seu poder sobre o reino. Pois, ao contrário dos merovíngios, ao conquistar novas terras e distribuí-las aos aristocratas, exigia que um compromisso lealdade com o rei suserano.



Carlos Magno também contou com o apoio da Igreja, que assim, propagava o cristianismo aos povos conquistados. Sendo inclusive coroado como imperador do novo Império Romano do Ocidente.

A organização de seu império foi feita em unidades político administrativo, chamadas:

Condados→ Onde os condes administravam e eram nomeados diretamente pelo imperador e a ele ligado pelo juramento de fidelidade.

Marcas→ Eram unidades de fronteiras, onde os marqueses administravam. Tinham grande poder militar.

* Ainda tinham os barões, que de seus fortes, auxiliavam na defesa das fronteiras.

Todos eles estavam sujeitos às fiscalizações dos missi dominici, que eram funcionários do imperador, encarregados de conter os abusos dos condes e marqueses, além de zelar pela aplicação das leis imperiais (capitulares).
Com a morte de Carlos Magno, Luis o Piedoso, governou o império até o ano de 841. Mas quando morreu a questão sucessória enfraqueceu o poder real. Devido a várias disputas sobre a legalidade do novo monarca. O que vai levar a um acordo, o Tratado de Verdun em 843, que previa a divisão do império em três partes, cada filho ficou com uma. Duques, marqueses e condes passaram a ter maior autonomia, somado a novas invasões bárbaras no século IX, consolidando-se assim, o feudalismo europeu.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Feudalismo

O feudalismo foi a estrutura econômica, social, política e cultural da idade média. Mas para começar esse texto é preciso entender o que foi essa Era histórica, que passou a ser chamada de média, já no renascimento. Demonstrando repúdio os renascentistas rapidamente induziram tendenciosamente a concepção de que a Idade Média foi a “Idade das Trevas”, “a noite de mil anos”, em que mergulhara a idade clássica com a queda de Roma no ano de 476 e que historiograficamente a idade média termina em 1453, com a queda de Constantinopla.

Os principais escritores sobre o assunto dividem-na em ALTA IDADE MÉDIA (século V ao século X), que marca a formação e consolidação do feudalismo e BAIXA IDADE MÉDIA (século X ao século XV) que marca o período de declínio desse sistema.

Como a Europa se feudalizou depois de ter conhecido o esplendor comercial com o império romano? Bem, com as crises internas de Roma, seu poderio militar enfraqueceu-se, com isso possibilitou que vários povos bárbaros começassem a invadir seu território, situação que durou até a sua derrocada total.

Os moradores das cidades em péssimas condições de sobrevivência iniciaram um êxodo em direção ao campo, buscando melhores condições de vida e proteção. Quando chegam encontram grandes propriedades rurais na mão de alguns senhores nobres. Como não tinham posses, recebem frações de terras desses nobres para trabalharem na agricultura. Passando a condição de servo, que diferentemente do escravo, estava atrelado à terra. Mas em troca prestava várias obrigações aos seus senhores. Além de pagarem várias taxas e tributos, os servos deveriam trabalhar gratuitamente alguns dias na semana no manso senhorial (pedaço de terra pertencente ao senhor feudal) e entregar a maior parte de sua colheita para o seu senhor.


Mas existia também um outro grupo de camponeses que eram os vilões. Antigos proprietários livres que entregavam sua propriedade a um senhor feudal, em troca de proteção, mas tinham obrigações quase sempre definidas, não podendo ser modificadas segundo a vontade do seu senhor.

Essa relação social de dependência social entre nobres e camponeses é de origem romana. Antes mesmo de seu fim, o governo romano estipulou o Colonato, pois, como Roma passava por uma grave e irreversível crise no seu sistema escravista, devido ao alto preço do cativo, levando a sua escassez no mercado, o camponês foi fixado à terra, substituindo o escravo, a clientela romana que estabelecia laços de dependência social entre indivíduos (senhor / servo) também foi fundamental nesse processo, e por fim, ainda durante a existência de Roma ocorria o Precarium, que consistia na entrega de terras feitas por pequenos e médios camponeses impossibilitados de mantê-las, à um grande senhor aristocrata, em troca de proteção.

Como a sociedade medieval foi uma mistura da sociedade romana com a bárbara, principalmente dos povos invasores provenientes do norte europeu (bárbaros germânicos), o feudalismo também sofreu influência de instituições germânicas, como o Comitatus, que estabelecia relação entre os guerreiros e seus chefes tribais. Servindo de alicerce para a relação feudal entre os SUSERANOS E VASSALOS.

Devido a extrema escassez de moeda circulante, a terra era a principal forma de riqueza. Com isso, estimulou-se a prática de retribuir com terras os serviços prestados pelos nobres, aos nobres. Os que cediam as terras eram os suseranos e os que recebiam tornavam-se seus os vassalos. Uma HOMENAGEM (cerimonial) acompanhava a doação do feudo (BENEFICIUM), ocasião em que o vassalo jurava fidelidade ao suserano, comprometendo-se em acompanhá-los nas guerras, entre outras obrigações, ao mesmo tempo em que o suserano, reciprocamente jurava-lhe proteção. Nesse caso era uma relação horizontal, e não vertical como era no caso da relação senhor/camponês.

Como as terras eram divididas em feudos, e sendo eles auto suficientes, praticando uma economia de subsistência, o senhor de um feudo era a principal figura dentro de suas possessões. A figura do rei era praticamente figurativa, houve uma descentralização política e administrativa. Cada feudo era autônomo.

Como podemos ver a sociedade feudal era ESTAMENTADA, ou seja, dividida em estamentos, ordens, estados, classes, no topo de sua pirâmide social vinha o CLERO, abaixo vinham os nobres, suseranos e vassalos e por último os vilões e camponeses.

Apenas com o ressurgimento do comércio na chamada baixa idade média, com o advento das cruzadas é que essa sociedade inicia um lento e longo processo de reabertura comercial e cultural para o restante do mundo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Antecedentes da crise republicana romana.

Na Roma dos últimos séculos antes do nascimento de Cristo, foi a república que dominou o cenário político. Substituindo a monarquia no ano de 509 a.C, quando uma conjuração patrícia (aristocrática) a derruba e sobrepõe o senado às outras instituições, transformando-o em órgão máximo. Apenas os patrícios poderiam fazer parte do senado, embora a grande maioria da população fosse de plebeus.
A plebe era tão inferior socialmente aos aristocratas, que em caso de não pagamento de dívidas, o devedor era submetido ao NEXUM, instituição que colocava o endividado subordinado ao credor até que o débito fosse sanado.
Essa marginalização da plebe conduziu Roma à uma série de lutas de classe, tornando o quadro insustentável até o ano de 494 a.C, quando os plebeus protestaram a fim de conseguir mais participação política. Como sua participação no exército e na economia era de extrema importância, os patrícios atenderam suas reivindicações. Cedendo-lhes do dois tribunos da plebe, órgão que a partir de 471 a.C passou também a ter o direito a veto sobre as decisões do senado além de conseguirem imunidades.
A partir deste período estudado foram aprovadas várias medidas que favoreceram aos plebeus, como: Participação dos plebeus sobre as terras conquistadas, um dos cônsules deveria ser plebeu (eram dois que presidiam o senado e as assembléias), permissão para o casamento entre plebeus e patrícios, fim das distinções sociais, restando as distinções econômicas e militares.
Os ânimos por um período se acalmaram, porém, um outro fator desencadeará um novo processo de insatisfação das camadas mais pobres em Roma: o escravismo. Com a expansão romana a escravidão passa a ser cada vez mais, indispensável a estrutura socioeconômica de Roma. O que provocou a ruína do pequeno lavrador, impossibilitando de competir com os latifundiários escravistas. Causando em primeiro impacto um êxodo rural e o consequente empobrecimento da plebe.

Diante desse quadro, destacaram-se dois tribunos da plebe, os irmãos Tibério e Caio Graco. O primeiro, quando eleito, em 133 a.C (período que Roma já dominava toda a península itálica), propôs uma reforma agrária que foi rejeitada pelo senado e numa tumultuada sessão, ele e mais centenas de seus seguidores foram assassinados. Já o segundo, eleito dez anos após a morte de seu irmão, conseguiu um pouco mais de abertura política, elaborando leis que visavam melhorar a vida da plebe, como a LEI FRUMENTÁRIA, que determinava a distribuição de trigo a baixo preço, além de ter insistido na questão da reforma agrária, o que gerou um grave e decisivo conflito entre as partes envolvidas nas reformas, o que ocasionou a morte de Caio.


Após esse período, houve uma polarização política seguida de uma radicalização, o que levou a república romana a uma grave crise. De um lado os aristocratas, defensores da ordem vigente, que em sua defesa destacou-se o general Silas, do outro, a plebe ansiosa por reformas, destacando por esse lado o general Mário. Essas lutas seguiram por vários anos e será tema de futuros textos em nosso blog.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

DEMOCRACIA ATENIENSE

Pesquisando em um dicionário achei as seguintes explicações para o termo democracia: 1- “Governo onde o povo exerce soberania”; 2- “O povo em oposição à aristocracia”. Em outro dicionário achei outras explicações bastante interessantes, são elas: 1- “Forma de governo em que o poder surge do povo e em nome dele é constituído”; 2- “soberania popular”; 3- “igualdade”. Já que sabemos o que significa, vamos analisar o contexto do surgimento da democracia na Grécia antiga.
Como em nossos estudos sobre a Grécia, vamos nos prender as duas principais cidades, que eram Atenas e Esparta. A primeira se desenvolveu a ponto de chegar à democracia, enquanto a segunda nunca deixou de ser governada por uma aristocracia. Uma era o reverso político da outra, onde as demais cidades ficaram agrupadas em torno de uma das duas, acirrando as suas oposições, o que foi marcante na história grega. Como foi Atenas que chegou a uma democracia, nos prenderemos a ela.
Atenas foi governada por uma monarquia durante longos anos, até que os aristocratas tomassem o poder, substituindo o poder monárquico pelo ARCONTADO, formado por nove (9) ARCONTES e também um conselho criado pelos EUPÁTRIDAS (bem nascidos) que regulava a ação dos arcontes, chamado de AERÓPAGO, estabelecendo assim, o pleno domínio oligárquico (governo de poucos).


Diferentemente de Esparta, em Atenas o comércio desenvolveu-se de forma a induzir os comerciantes a estabelecerem colônias comerciais e de povoamento em alguns pontos do Mediterrâneo. Tais comerciantes (DEMIURGOS) enriqueceram, ganharam poder econômico, sobrepondo o valor da riqueza ao valor da tradição (valorizados pelos eupátridas).

Ao adquirirem poder econômico, os comerciantes desejavam também obter poder político, porém, os eupátridas desejavam manter seus privilégios. Soma-se a isso os GEORGOIS E THETAS, também desejavam reformas sociais, a fim de melhorar suas próprias condições, pois estavam endividados e muitos se submetiam às ordens do eupátridas, que eram os seus credores. Veja o esquema abaixo:

EUPÁTRIDAS→ Oligárquicos→ Detentores do poder político e desejavam manutenção dos seus privilégios.

DEMIURGOS→ Comerciantes→ Detentores de riqueza e desejavam obter poderes políticos.

GEROGOIS E THETAS→ Endividados→ Desejavam reformas sociais amplas.

Diante desse quadro sociais, ocorreram diversas mudanças na condução política de Atenas. Surgiram alguns legisladores, como:

DRÁCON → 621 a.C→ Popularizou o código de leis que era apenas conhecido pelos eupátridas, mas manteve os privilégios sociais e políticos já existentes.

SÓLON→ 594 a.C→ Reformas mais aprofundadas→ Eliminou a hipoteca por dívidas, libertou os escravos feitos por ela (beneficiando georgóis e thetas) → Dividiu a sociedade censitariamente, onde o padrão de riqueza passou a determinar privilégios (beneficiando ricos demiurgos, que obtiveram ascensão política) → Reorganizou a política, criou a BULÉ (conselho dos quatrocentos), onde participavam elementos das quatro 4 tribos em que dividia-se a região; Criou a assembléia popular que aprovava as medidas da Bulé, chamada de ECLÉSIA; Além do tribunal de justiça aberto a todos os cidadãos HELIEU.

Por não agradar os aristocratas que perderam poder com as reformas e o povo que esperavam reformas ainda mais profundas, Sólon é derrubado e surgem os TIRANOS, que em menos de cinqüenta (50) anos também perdem o poder, justamente por não conseguirem apaziguar os ânimos da efervescente sociedade grega. Até que em 510 a.C, uma revolta liderada por CLÍSTENES inaugura a chamada democracia ateniense. Principais medidas:

→ Redivisão de Atenas em dez (10) tribos e não mais em quatro (4) → Eliminando a influência dos eupátridas;
→ A Bulé passou a contar com quinhentos (500) membro e não mais quatrocentos (400), cinqüenta (50) por tribo, os quais revezavam-se no poder;
→ A Eclésia teve seu poder aumentado → Contando com seis mil (6000) cidadãos pertencentes a todas as classes → Fiscalizando a atuação das demais instituições → Votava o ostracismo, que era o exílio por um período de dez (10) anos a quem coloca-se em risco a democracia ateniense.

O povo com essas reformas realmente participa dos rumos políticos de Atenas, porém, é de extrema importância que todos saibam, somente quem participava desse processo eram os cidadãos atenienses, adultos, filho de pai e mãe atenienses. Excluindo os estrangeiros (metecos), os escravos e as mulheres. Esses três últimos constituíam a maioria da população em Atenas.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Escravidão Grega

Certo dia, resolvendo uma questão de um concurso para professor de história, reparei que a banca generalizou quando usou o termo “escravidão na Grécia”. É possível falar de forma homogênea de qualquer relação de trabalho de uma determinada região, onde existiam várias cidades autônomas economicamente e politicamente? Minha opinião é não.
Vamos nos prender as duas principais Cidades Estadas gregas, Atenas e Esparta. Se apenas usarmos o exemplo dessas duas, e ignorarmos as dezenas de outras cidades existentes naquela região, veremos que já essas relações já seriam diferentes, impossibilitando o uso de qualquer termo genérico.
Esparta por exemplo, sua estrutura social era formada por espartanos, que eram os únicos detentores da cidadania. Os periecos, que habitavam os arredores da cidade e eram livres, dedicados ao comércio e ao artesanato, que eram atividades desprezadas pelos espartanos. E por último os hilotas, que eram servos pertencentes ao Estado, presos a terra, permaneciam juntos a esses locais. Ou seja, existia escravidão em Esparta ou era servidão? Bem, eles Cultivavam a terra do proprietário espartano com suas ferramentas e pagavam uma renda anual fixa in natura: trigo, vinho, queijo, azeite. Como essa renda constituía cerca de metade do rendimento do solo, o resto era suficiente apenas para sustentar algumas famílias hilotas. Por isso, é possível afirmar que eles eram mais próximos do modelo de servos do que de escravos.
Já em Atenas, podemos dizer que existiam escravos. Eram prisioneiros de guerra, vindos de muitas regiões do mundo bárbaro e grego, além de também serem feitos escravos através de dívidas. Não constituía uma categoria social, e sim, eram considerados como um bem móvel. Logo se transformaram na base da produção agrária, além de também terem atuado em outros ofícios.
De uma forma mais geral é possível perceber um certo padrão na escravidão da antiguidade, que inclusive era o modelo utilizado pelos atenienses. Mas é de fundamental importância que seja mostrado que havia outras formas de trabalho compulsório na antiguidade clássica, como no caso de Esparta.

Bibliografia:
Vicentino, Cláudio. História Geral. São Paulo: Scipione, 1997.
Florenzano, Maria Beatriz B. O mundo Antigo: economia e sociedade. São Paulo, Brasiliense, 1982.
Maestri, Mario José Filho. O Escravismo Antigo. São Paulo, UNICAMP, 1986.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Civilização grega

A civilização grega exerceu um papel predominante na antiguidade, Com seu politeísmo, tendo em Zeus, seu principal Deus, na filosofia, na história com Heródoto de Halicarnasso, considerado o Pai da História, na arquitetura, nas poesias, na ciência, nas artes, levou sua marca ao longo dos séculos, influenciando a parte ocidental da Terra.

A sua história é dividida em quatro períodos, vamos por parte para entender cada um deles. O primeiro é chamado de Tempos Homéricos (Séculos XII a.C – VIII a.C). É chamado assim porque, nesse momento ocorreram as invasões dos Dórios (povo guerreiro) e consequentemente a 1ª diáspora (dispersão) do povo daquela região e não se tem registros sobre essa época, exceto pelos poemas Ilíada e Odisséia, escrito por Homero. Daí, o nome. O momento anterior a esse é chamado de Tempos Pré Homéricos, aonde os povos indo europeus instalaram-se na região.

A sociedade grega foi formada através dos genos, que eram famílias coletivas comandadas por um pater (patriarca), tinham uma economia natural e coletivista, os meios de produção e os bens produzidos eram de todos e representavam a unidade econômica, social, política e religiosa da sociedade grega. Não existia propriedade privada.
A importância social do indivíduo era de acordo com seu grau de parentesco com o pater.

Com o aumento populacional dos diversos genos e consequentemente também o do consumo, inicia-se o processo de desintegração dessa estrutura. Com seu fim, surge a propriedade privada.

Ocorrem também, guerras entre os genos, fazendo com que alguns deles se juntassem para enfrentar um inimigo em comum, formando uma frátria. Dentro desse mesmo processo, várias frátrias unidas formavam uma tribo, que juntas, formavam uma demo (povo ou povoado).

Com o fim das propriedades coletivas e o consequente surgimento das propriedades privadas, obviamente as terras eram divididas entre os seus habitantes, porém desde já, ocorre um processo desigual de divisão de terras, e como sempre as melhores foram entregues a elite local, os eupátridas (bem nascido), o restante para os georgóis (em geral, agricultores), que eram parentes mais distantes do pater. Já os thetas eram marginalizados socialmente.

A combinação aumento demográfico + escassez de terras cultiváveis (pois as melhores estavam na mão de uma elite), transformou a Grécia num palco de inúmeros conflitos, o que ocasionou a diáspora (dispersão) dos povos daquela região.

É quando inicia-se o chamado Tempos Arcaicos (séculos VIII a.C – VI a.C). A economia doméstica passa a ser de mercado local e mais tarde destinada para o exterior. A aristocracia (eupátridas) enriquecem, pois possuem as melhores terras para o plantio. A riqueza passa a determina o lugar do indivíduo na sociedade e não mais a tradição.

Os tempos Clássicos (Séculos V a.C – IV a.C) marcam o apogeu da civilização grega. Apesar de se verem obrigados a conter o avanço do império persa sobre a Grécia, primeiro na figura de Dário I e depois de seu sucessor Xerxes, foi um momento período de expansão comercial e de aumento do poderio militar, principalmente de Atenas.

Em meio à guerra foi formada a confederação de Delos, onde cada cidade estado deveria contribuir com dinheiro e armamentos a serem depositados na ilha de Delos. Liderados por Atenas venceram, expulsando de vez o império persa da de seus territórios com a paz firmada em 449 a.C. Sem obstáculo para fazer o comércio pelos mares, Atenas expandiu consideravelmente seu poderio econômico e militar em relação aos seus vizinhos. Sua liderança logo se transformou em imperialismo, passando a cobrar tributos em troca de proteção e proibindo que outros membros da confederação a deixassem.

Para contrapor o imperialismo ateniense, outras cidades lideradas por Esparta formaram a liga do Peloponeso. Inicialmente existiam apenas ameaças de enfrentamento entre ambas as partes, mas no ano de 431 a.C as duas cidades entram em guerra. Vencida pelos Espartanos em 404 a.C.

Com a vitória Esparta assume a hegemonia na Grécia, mas perde seu posto rapidamente para Tebas (outra cidade grega). Essas lutas internas pela hegemonia local na verdade enfraqueceram as cidades da região. Paralelamente a esse processo de lutas internas, ao norte a Macedônia fortalecia-se e iniciava seu processo de expansão, subjugando territórios vizinhos em direção ao sul.

O domínio da Grécia feito pelos macedônios é inevitável, que curiosamente eram chamados pelos gregos de bárbaros. Felipe II foi o imperador que a dominou, mas foi seu filho Alexandre (O Grande) que expandiu seu território até o oriente.

Esse período da história grega é chamado de Período Helenístico (séculos III a.c – II a.c). Esse termo significa a fusão entre a cultura grega com a oriental. Pois, Alexandre tinha sido educado pelo grego Aristóteles, que com isso, assimilou a cultura grega, levando-a consigo nas viagens feitas no processo expansionista da Macedônia.

O helenismo trouxe grande impulso às ciências: na astronomia, com Ptolomeu, Arquimedes que descobriu princípios básicos da física, Eratóstenes, que calculou a circunferência da Terra, entre outros.